Papa: Não nos habituemos a desigualdade confundindo o bem comum com o bem-estar

(Foto: AFP Photo/Cris Bouroncle)
(Foto: AFP Photo/Cris Bouroncle)

Foi na Catedral de La Paz que o Papa Francisco se encontrou com as autoridades da Bolívia logo após uma visita de cortesia ao presidente Morales no palácio presidencial.

No seu discurso o Papa Francisco começou por afirmar que todos os presentes compartilham a vocação de trabalhar pelo bem comum, tendo citado a definição deste conceito proposta pelo documento conciliar Gaudium et Spes: “o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição”.

Tomando como exemplo a beleza da paisagem natural e arquitetônica da cidade de La Paz, o Santo Padre recordou o conceito de ecologia integral proposto na sua Encíclica Laudato Sí:

“O ambiente natural e o ambiente social, político e econômico estão intimamente relacionados. Isto impõe-nos estabelecer as bases duma ecologia integral.”

O Santo Padre afirmou ainda que “se a política se deixa dominar pela especulação financeira, ou a economia se deixa reger apenas pelo paradigma tecnocrático e utilitarista da produção máxima, não poderão sequer compreender – e muito menos resolver – os grandes problemas que afetam a humanidade.”

É necessária “uma educação ética e moral, que cultive atitudes de solidariedade e corresponsabilidade entre as pessoas” – salientou o Papa que advertiu: “Não nos habituemos ao ambiente da desigualdade confundindo o bem comum com o bem-estar”.

O bem-estar pode levar ao consumismo – disse o Santo Padre – que por sua vez pode criar conflitos e “desintegração social”.

Desta forma, os cristãos são chamados na sociedade a serem “fermento no povo”, incentivando “a germinação da espiritualidade” e o “compromisso” nas “obras sociais”.

Em particular, o Papa Francisco sublinhou o papel da família ameaçada por vários problemas sociais e por “pseudo-soluções” que evidenciam uma clara “colonização ideológica”.

O Santo Padre falou ainda de diplomacia referindo-se à questão do acesso ao mar que os bolivianos reclamam do Chile. Considerou ser necessário diálogo para evitar “conflitos entre povos irmãos” da América Latina.

Falando especificamente da Bolívia, o Papa considerou que este país vive um momento histórico: “a política, o mundo da cultura, as religiões fazem parte deste estupendo desafio da unidade. Nesta terra, onde a exploração, a ganância e variados egoísmos e perspetivas sectárias ensombraram a sua história, hoje pode ser o tempo da integração” – afirmou o Santo Padre que concluiu o seu discurso pedindo para que rezem por ele.

Após o encontro com as autoridades da Bolívia o Papa Francisco viajou para a cidade de Santa Cruz de la Sierra, estando, assim, menos de 4 horas na cidade de La Paz para evitar os efeitos da altitude de mais de 3600 metros. (RS)

Fonte: Rádio Vaticano

 

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