“Política não apenas se discute como define os rumos de uma nação”, diz Marilza Schuina, presidente do CNLB

Contra o argumento de “que política não se discute”, a Marilza Lopes Schuina, presidente pela segunda vez consecutiva do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), uma associação de fiéis leigos e leigas católicos de direito público, que congrega e representa o laicato brasileiro na sua diversidade e riqueza de movimentos, pastorais e associações dos mais variados tipos, é categórica: “Se discute e se decide os rumos de uma nação”. Neste sentido, em conjunto com outros organismos da Igreja, o CNLB produziu o “Subsídio de Formação Eleições 2018”. Saiba, nesta entrevista, o que o CNLB, cujo objetivo é articular o laicato, em conselhos regionais, diocesanos e locais, tem feito neste Ano Nacional do Laicato e para estimular a participação dos leigos e leigas na política. Marilza também integra a equipe que está coordenando o processo do Ano do Laicato na Igreja no Brasil.

Quais as preocupações do Conselho Nacional de Leigos com relação ao processo eleitoral brasileiro?

Estamos num ano de eleições gerais no país. É preciso que os brasileiros e brasileiras votem conscientemente, pois o voto tem consequências para todos e todas. Nesse momento, o processo político do Brasil não está dos melhores. O país vive uma crise ética na política. Com isso, nossa responsabilidade diante das eleições deste ano é ainda maior. É preciso refletir sobre a decisão que iremos tomar e escolher programas de governo que são voltados para as reais necessidades do povo. Estamos diante de um jogo e temos que escolher: de um lado o projeto que prioriza as elites, os bancos e os grandes; do outro, a prioridades são os trabalhadores e trabalhadoras? Quem iremos escolher? Nesse sentido, não podemos nos omitir. Precisamos nos inserir efetivamente na política. Muitos usam o discurso de que política não se discute. Se discute e se decide os rumos de uma nação. Outras preocupações que devemos ter é com o momento após as eleições. É preciso acompanhar os eleitos, seja o legislativo quanto o executivo. Para isso, organizar grupos de acompanhamento dos poderes. Fomentar a reflexão sobre fé e política, realizando escolas de formação de fé e política ou fé e cidadania e levar à participação nos conselhos de direitos.

O que vem desenvolvendo quanto a este aspecto neste ano que a Igreja elege como o Ano do Laicato e que coincide com o processo eleitoral brasileiro?

Nesse aspecto, o Ano do Laicato visa: “Promover mecanismos de participação popular para o fortalecimento do controle social e da gestão participativa: Conselhos de Direitos, Grupos de Acompanhamento ao Legislativo, Iniciativas Populares, Audiências Públicas, Referendos, Plebiscitos, entre outros”; “Mobilizar a sociedade brasileira para a realização da auditoria cidadã da dívida pública”.

Para isso, elaborou-se os Círculos Bíblicos par ajudar as comunidades a refletirem e entenderem os mecanismos do que é e como se pode fazer a auditoria da dívida pública. Outros subsídios serão lançados voltados para a formação de grupos de acompanhamento aos poderes, escolas de fé e política e outros. O CNLB tem participado efetivamente desse processo e se envolve diretamente na formação e organização das escolas de Fé e Política e cursos de Fé e Política como o CEFEP.

Que iniciativas desencadearam?

Só nesse ano, além dos encontros e seminários realizados pelos regionais, o CNLB recentemente, em conjunto com outras entidades, lançou um Manifesto em que propõem, entre outros pontos: Revogação das mudanças aprovadas na CLT que retiram direitos trabalhistas; Reversão das privatizações executadas e fortalecimentos das empresas públicas; Revogação da Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos sociais por 20 anos; Realização de uma Auditoria Cidadã da Dívida Pública, que consome aproximadamente metade de todo o orçamento público brasileiro.

Realização de Reforma Tributária que combata a desigualdade, taxando as grandes fortunas, as grandes heranças, os dividendos de grandes empresas e do sistema financeiro; Reversão das isenções fiscais e do perdão de dívidas e cobrança dos impostos devidos por grandes empresas; Retomada dos programas sociais nos moldes anteriores a 2016, reforçando-os e universalizando-os; Denúncia da partidarização e seletividade do judiciário; Respeito à presunção da inocência e a Constituição que garante que a prisão somente deve ocorrer quando todos os recursos e instâncias tenham se esgotado; Mobilizar a sociedade para uma ampla Reforma do Estado, que estimule mecanismos de participação direta, promova a democratização e a pluralidade dos meios de comunicação e garanta o pleno respeito aos direitos humanos; Implementação do direito a demarcação das terras indígenas e quilombolas e realização de uma reforma agrária ampla e popular, com incentivos à produção agroecológica e agroflorestal e à comercialização de alimentos saudáveis para toda a população brasileira.

Fonte: www.cnbb.org.br

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