Rainha e Padroeira do Brasil

Em 1930 o Brasil foi solenemente consagrado a Nossa Senhora Aparecida pelo Cardeal D. Sebastião Leme na presença do Presidente da República Washington Luiz, e de numerosas autoridades religiosas, civis e militares.

Tudo começou em 12 de outubro de 1717; chegava o governador e Conde de Assumar, com sua comitiva, à região de Guaratinguetá. Os pescadores deviam apresentar todo o peixe que pudessem haver para o dito governador. Entre eles Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso. Lançaram suas redes no Rio Paraiba no porto de Itaguassú, sem tirar peixe algum. De repente, lançando as redes neste porto, João Alves tirou na sua rede de rasto o corpo da Senhora, sem cabeça, e, lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça de mesma Senhora, não se sabendo nunca quem ali a lançasse. A imagem encontrada media 38 cm de altura e apresentava cor bronzeada.

E, continuando a pescaria, dali por diante foi tão copiosa a pesca em poucos lances que, receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, ele e os companheiros se retiraram a suas moradas, admirados deste sucesso” (cf. Marcondes Homem de Mello, Álbum da Coroação. Brasílio Machado, A Basílica de Aparecida).

Os pescadores a levaram para as suas casas; mas verificaram-se alguns sinais milagrosos, que chamaram a atenção do Pe. José Alves Vilela, pároco de Guaratinguetá. Certa vez, durante as orações, aconteceu que, embora a noite estivesse muito calma, de repente se apagaram as velas da imagem da Senhora. Os fiéis, querendo reacendê-las, verificaram com surpresa que elas por si, sem intervenção de alguém, se reacenderam.

O Padre José Alves então decidiu construir para a Santa Mãe uma capela para satisfazer ao crescente número de devotos da Virgem. Depois esta capela foi substituída por outra maior no morro dos Coqueiros em 1745, morro que tomou o nome de “Aparecida” (hoje cidade de Aparecida do Norte).

Em 1846 foi iniciada a construção de templo maior, que ainda existe em Aparecida do Norte. No ano de 1980 foi abençoada a nova e grande Basílica pelo Papa João Paulo II, alvo de peregrinações numerosas durante o ano inteiro.

Em 1884 a Princesa Isabel doou uma coroa a Nossa Senhora Aparecida. Com a doação desta joia, a princesa pagava uma promessa feita a Maria, em que pedira, em 1868, um herdeiro para o trono. Sete anos após ter feito o pedido, a princesa Isabel deu à luz D. Pedro de Alcântara.

Em 1884 a princesa retornou a Aparecida com a coroa e com os três filhos, D. Pedro de Alcântara, D. Luiz Felipe e D. Antônio. A Coroação aconteceu em 1904.

Entre os milagres que provocavam o fervor do povo, conta-se o do escravo, ocorrido por volta de 1790 e famoso nos tempos subsequentes. Segundo a versão mais abalizada, as correntes se soltaram das mãos do escravo, quando este implorava a proteção de Nossa Senhora Aparecida diante da respectiva imagem. Eis como o refere o Pe. Claro Francisco de Vasconcelos pelo ano de 1838:

“Um escravo fugitivo, que estava sendo conduzido de volta à fazenda pelo seu patrão, ao passar pela Capela, pediu para fazer oração diante da Imagem. Enquanto o escravo estava em oração, caiu repentinamente a corrente, deixando intato o colar que prendia seu pescoço. A corrente se encontra até hoje pendente da parede do mesmo Santuário como testemunho e lembrança de que Maria Santíssima tem suprema autoridade para desatar as prisões dos pecadores arrependidos. Aquele senhor, tocado pelo milagre, ofereceu a Nossa Senhora o preço dele e o levou para casa como uma pessoa livre, a fim de amar e estimar aquele seu escravo como pessoa protegida pela soberana Mãe de Deus” (relato extraído da obra de Júlio J. Brustoloni, A Mensagem da Senhora Aparecida, Ed. Santuário, Aparecida, SP, 1994).

O Papa Pio XI acolheu o pedido da hierarquia e dos fiéis, que desejavam fosse Nossa Senhora Aparecida proclamada Padroeira principal de todo o Brasil. Aos 16 de julho de 1930 publicava S. Santidade o seguinte “Motu proprio”:

“… Por conhecimento certo e madura reflexão Nossa, na plenitude de Nosso poder apostólico, pelo teor das presentes letras, constituímos e declaramos a mui Bem-aventurada Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de “Aparecida”, Padroeira principal de todo o Brasil diante de Deus. Este padroado gozará dos privilégios litúrgicos e das outras honras que costumam competir aos Padroeiros principais de lugares ou regiões. Concedendo isto para promover o bem espiritual dos fiéis no Brasil e aumentar cada vez mais a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus, decretamos que cada vez mais a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus, decretamos que as presentes letras estejam e permaneçam sempre firmes, válidas e eficazes, surtindo seus plenos e inteiros efeitos”.

D. Pedro I, o primeiro Imperador, confirmando antiga provisão de Sua Majestade o rei de Portugal do ano de 1646, declarou a Virgem da Conceição Padroeira do Brasil.

A presença do sobrenatural em Aparecida exigiu que se empreendesse a construção de nova e mais vasta Basílica. Esta, iniciada em 1955 pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, estava concluída, com todas as suas capelas e quatro naves, em 1980. A área construída é de 23.000 m² e a área coberta mede 18.000 m². A lotação normal é de 45.000 pessoas, podendo a lotação máxima chegar a 70.000 pessoas. Até hoje são relatados milagres e favores de ordem física obtidos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida em seu Santuário; todavia o que mais importa aí, são os numerosos casos de conversão espiritual e reencontro da paz interior alcançada pelo patrocínio de Nossa Senhora, Padroeira desse bom povo que a seus pés busca socorro espiritual.

O fato de que a imagem da Senhora Aparecida tem a cor preta, tem sido objeto de comentários… Na verdade, o fenômeno se explica pela longa permanência da estátua dentro da água do rio, mas é inegável que ela apareceu no Brasil bem na época da escravidão dos negros, e é difícil não ver na sua cor uma mensagem aos brancos de que os negros são seus irmãos.

É comovente ir a Aparecida do Norte e participar de uma Santa Missa, com o povo mais simples lotando a enorme Basílica, especialmente nos finais de semana. E o templo está cada vez mais bonito – o que Nossa Senhora merece – e é o povo mais pobre e humilde que custeia isso com suas doações. É a Casa Santa do povo de Deus. Que a Virgem do Brasil nos proteja.

Prof. Felipe Aquino

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