Hoje celebramos a Instituição do Sacramento da Eucaristia. Jesus, desejoso de deixar aos homens um sinal da sua presença antes de morrer, instituiu a Eucaristia. Na Quinta-feira Santa, destacamos dois grandes acontecimentos: a benção dos Santos óleos e a Instituição da Eucaristia.
Bênção dos Santos Óleos
Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia. O motivo de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os seguintes óleos:
Óleo do Crisma: Uma mistura de óleo e bálsamo, significando plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. É usado no sacramento da Confirmação (Crisma) quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento do sacerdócio, para ungir os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.
Óleo dos Catecúmenos: Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.
Óleo dos Enfermos: É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como “extrema-unção”. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.
Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés
Com a Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde de quinta-feira, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na qual Jesus Cristo, na noite em que vai ser entregue, ofereceu a Deus-Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem, mandando-lhes também oferecer aos seus sucessores.
Nesta missa faz-se, portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Durante a missa ocorre a cerimônia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus na Última Ceia, quando lavou os pés dos seus apóstolos.
O sermão desta missa é conhecido como sermão do Mandato ou do Novo Mandamento e fala sobre a caridade ensinada e recomendada por Jesus Cristo. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento ao altar-mor da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda à noite.
Na manhã desta quinta feira a comunidade Coração Fiel juntamente com seu fundador, Pe. Delton Filho se dirigiu a Uruaçu, Catedral Imaculado Coração de Maria para a celebração da Missa do Crisma. O Clero da Diocese de Uruaçu durante a celebração renovou suas promessas sacerdotais diante do Bispo Diocesano e de muitos fiéis vindos de várias paróquias da Diocese.
Esteve presente também religiosas, consagrados das novas comunidades, Coração Fiel, Nova Aliança e Comunidade Católica Missão Maria de Nazaré juntamente com os diáconos e seminaristas.
A Rádio Coração Fiel fez a transmissão da Santa Missa pela internet www.coracaofiel.com.br e pelo sinal físico Am 1250.
Em sua homilia Dom Messias ressaltou a alegria de ter os sacerdotes da Diocese de Uruaçu ao seu lado e os incentivou a se preocuparem uns com outros e lutar pelo ministério sacerdotal uns dos outros.
Confira na íntegra a homilia de Dom Messias
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para a anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18).
Nesta Missa do Crisma, celebramos de maneira especial o dom do sacerdócio ministerial e a unidade da Igreja Diocesana. Encontro-me feliz junto dos sacerdotes, colaboradores direto da ordem episcopal. Encontro-me feliz no meio dos religiosos, consagrados, seminaristas, cristãos leigos e lideranças diocesanas. Sei que aqui vocês vieram para agradecer a Deus o dom do sacerdócio. Sinto-me feliz vendo os sacerdotes serem acompanhados pelos representantes das paróquias, que com eles vieram. Os sacerdotes pelo Batismo fazem surgir novos cristãos. Pela Unção confortam os idosos e enfermos. Pela celebração dos sacramentos santificam a vida das pessoas nas comunidades. Pela evangelização ajudam a todos permanecerem em Cristo que é caminho, verdade e vida. O sacerdócio é um dom necessário à Igreja.
Somos homens frágeis trazendo dentro de nós um tesouro especial. Tesouro a gente não abandona, não expõem, mas o cerca de cuidado. O dom do sacerdócio precisa ser cuidado com zelo, não só pelo sacerdote, mas pela família, pela comunidade e pela Diocese. Hoje temos aqui a visibilidade de nossa Igreja Diocesana numa comunhão do presbitério com o seu Bispo, com a vida Religiosa, Consagrada e com os cristãos leigos, que são sal da terra e luz do mundo (Cf. Mt 5,13-14).
Nesta Quinta feira Santa com Cristo e com os apóstolos, dirigimo-nos ao Cenáculo, para celebrarmos a Eucaristia da Ceia do Senhor e, para reencontrarmos aquela raiz em que se unem a Eucaristia da Páscoa de Cristo e o nosso sacerdócio sacramental.
Tenho grande alegria de encontrar-me no altar com os irmãos de meu presbitério para recordar a grande graça que o Senhor nos concedeu: o sacerdócio ministerial. Hoje, é um dia especial para evocar as origens do sacerdócio da nova e eterna aliança. Nosso sacerdócio está enraizado no sacerdócio de Jesus. Fomos criados por ele.
Um dia, cada um dos sacerdotes, depois de uma longa preparação no seminário, recebeu a Ordenação e foi enviado para a missão. Cada um estava capacitado para agir em nome de Cristo, pois o Senhor o consagrou para anunciar a Boa Nova aos pobres, anunciar especialmente àqueles que não sabem mais em quem confiar, ou depositar esperança.
Em dois momentos especiais se recorda a Ordenação sacerdotal: no aniversário de Ordenação e na Quinta Feira Santa. Foi no dia da Ordenação que cada um se viu no sacerdócio de Cristo, no Cenáculo como ministro da Eucaristia; e, ao ver-se tal, começou a caminhar nesta direção. A vivência do sacerdócio ministerial é um caminho a ser percorrido e neste caminho acontecem muitas surpresas.
O endereço da cada sacerdote é o sacerdócio de Jesus. Nenhum ministério está voltado para si mesmo, ou para a pessoa que o exerce, mas para Cristo. Nele encontramos a razão de nossa vida sacramental. Nesta Quaresma a Campanha da Fraternidade nos chamou para superar a violência, recordando-nos que somos todos irmãos. Vamos trazer para dentro de nosso Presbitério essa ideia, pois realmente ele deve ser uma família de irmãos, onde um se preocupa com o outro. Cada padre deve se perguntar: o que estou fazendo por meu irmão no presbitério? Foi essa consciência que me fez, na semana passada ir até Formosa, visitar na Penitenciária, ao meu irmão no episcopado, Dom José Ronaldo subir um pouco com ele no Calvário.
Nesta Quinta Feira Santa nos reunimos para revivificar a graça sacramental de nossa Ordenação. Na presença do Povo Sacerdotal da nova aliança reunimo-nos para renovar nossas promessas que, desde o dia em que fomos ordenados, são o fundamento do caráter especial do nosso ministério na Igreja. Os padres nesta Eucaristia renovarão as promessas sacerdotais. São aquelas promessas feitas no dia da ordenação. Depois de um certo caminho andado, de gastarem o tempo no exercício pastoral, agora eles, pela renovação das promessas, dizem publicamente que, querem manter-se fiéis ao chamado que Deus lhes fez. Exorto à todos os presbíteros para que nesta renovação retomem ao primeiro amor. O dia da ordenação foi dia de santidade, de sonhos e entrega generosa nas mãos do Senhor. Tu és sacerdote eternamente.
Cada um se tornou sacerdote por graça de Cristo. A carta aos Hebreus diz que o sacerdócio é uma vocação particular. Deus chamou a cada um. “Ninguém deve atribuir-se a si esta honra, senão aquele foi chamado por Deus” (Hb 5,4). Também Cristo não atribuiu a si esta honra de ser chamado sumo sacerdote. Atribuiu essa honra aquele que lhe disse: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec” (Hb 5,5-6). Cristo não vinha da tribo sacerdotal. Foi constituído sacerdote da nova e eterna aliança segundo a ordem de Melquisedec, portanto também ele foi chamado ao sacerdócio.O Pai chamou o Filho para entrar no mundo e se tornar homem. O Pai quis que seu Filho unigênito, encarnando-se, se tornasse “sacerdote para sempre”. Ele é o único sacerdote da nova e eterna aliança. Do sacerdócio de Cristo todo batizado participa. O Concílio Vaticano II distingue claramente o sacerdócio do povo de Deus, comum a todos os fiéis, do sacerdócio ministerial.
O sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum dos fiéis. Estamos no ano dos leigos. Precisamos servi-los com muita disposição. Eles são Igreja. Devemos tornar os fieis conscientes de sua particular participação no sacerdócio de Cristo.
Termino pedindo orações por mim, pelos nossos sacerdotes, consagrados, religiosos, seminaristas, cristãos leigos e, pedindo que o Senhor nos envie vocações. Como tenho solicitado peço que continuem a cantar sempre, em todas as Missas celebradas, o refrão vocacional. “Enviai Senhor, muitos operários para a vossa messe.
Queridos padres! Continuem com alegria a vivência do sacerdócio com a consciência de que “O Espírito do Senhor está sobre vós, porque ele vos consagrou com a unção para a anunciardes a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18).
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo da Diocese de Uruaçu e Presidente do Regional do Centro Oeste da CNBB
Confira fotos da Celebração Eucarística
Na noite desta quinta feira santa a Comunidade Coração Fiel celebrará a Missa de Lava Pés em Rubiataba, com o bispo diocesano, Dom Adair José Guimarães.
Comunidade Coração Fiel