“A alegria de Maria”

  A paz de Jesus, meus irmãos!

Vamos seguir olhando para os frutos do Espírito, para que possamos andar de acordo com o Espírito. Nos dois últimos meses vimos sobre o a Caridade como fruto do Espírito, e como sempre temos feito nesse tempo, olhamos para Maria. Ela com certeza nos ensinou a amar Deus e aos irmãos.

Neste mês, vamos seguir com os olhos voltados para a palavra de Gl 5,22 e meditaremos sobre a Alegria, que é fruto do Espírito. Temos a grata alegria de receber a meditação do nosso amado Padre Delton, do estado de Goiás. Ele foi profundo na reflexão, suas palavras nos exortam, nos ensinam e nos motivam a viver esse dom da Alegria. Aproveitem a cada linha escrita e deixe que Maria tome sua mão e te leve ao desejo de conversão!

  A alegria de Maria

 Aprender o significado da Alegria

No itinerário de reflexão sobre a Virgem Santíssima, somos convidados a refletir sobre a sua Alegria. Em que aspecto? A alegria enquanto virtude! A palavra virtude vem do latim virtus que significa “força”! A força da alegria em Nossa Senhora nada mais é do que um lampejo maravilhoso do Pentecostes que ela recebeu em primazia. Antes mesmo do Espírito descer sobre os Apóstolos e Maria no cenáculo, ela (Maria) já o havia experimentado no momento seguinte à Anunciação. Maria é íntima do Divino Espírito. Há quem a chame de “Esposa do Espírito Santo”. Foi concebida sem pecado por ação do Espírito. Concebeu a Cristo Jesus por ação do Espírito. Suportou assistir ao suplício da Cruz, por ação do Espírito. Sustentou a fé dos apóstolos até a hora de Pentecostes, por ação do mesmo Espírito.

Sendo assim, nEla conseguimos perceber as manifestações da força desse Espírito de Deus. A alegria de Maria não se assemelha à alegria passageira dos nossos momentos de diversão ou de uma ocasião simplesmente feliz. A alegria de Maria tem um calibre superior, sobrenatural: é fruto do Espírito Santo! Ao contrário, o fruto do Espírito é… a alegria!” (Gl 5,22).

 

 Manifestações bíblicas da Alegria em Nossa Senhora

Na verdade, todo o episódio da aventura de Maria está repleto deste aspecto do Espírito Santo. A anunciação trouxe uma profecia de alegria para o povo: O anjo  disse-lhes:  Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo (São Lucas 2, 10) . Em seguida, plena do Espírito Santo, Maria “cantou” de alegria no Espírito: meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador (São  Lucas 1, 47) .  Impelida por essa graça carismática, Maria leva a mesma “virtude” a Isabel: Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. (São Lucas 1, 44) . Os sinais materiais do Nascimento de Jesus manifestaram a mesma virtude: A aparição daquela estrela os encheu de

profunda alegria. (São Mateus 2, 10). A narrativa Bíblica nos convence que todo aquele que está cheio do Espírito, transborda de alegria!

 Imitação de Maria

Cabe a nós, imitando o exemplo de Nossa Senhora, implorar a experiência das mesmas graças. O ditado popular diz “filho de peixe, peixinho é!”. Como filhos de Maria, podemos e devemos querer ser iguais a ela. Quem assume a missão de testemunhar a Cristo através das artes na Igreja, especialmente a música, precisa suplicar tais graças. Àquele, que é poderoso para nos preservar de toda queda e nos apresentar diante de sua glória,  imaculados  e  cheios  de alegria (São Judas 1, 24). Assim como aconteceu com Nossa Senhora.

Nosso testemunho precisa estar ancorado na sólida experiência de conversão pessoal. Não há conversão sincera sem a disposição de ‘guardar com zelo’ tudo o que Jesus nos disser. Disse- vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. (São João 15, 11).

A alegria como remédio para o mundo

Nosso mundo padece de uma tristeza endêmica. Nunca como agora aconteceram tantos suicídios; tantas pessoas prisioneiras da depressão; tantos e tantos desmotivados  e pessimistas. Em muitos momentos, encontramos apenas publicidade para aquilo que nos motiva para a tristeza e o desespero. Nossa missão como músicos e artistas adoradores precisa ser antídoto para essa avalanche de negativismo. Mas não há como ser artistas adoradores se não somos discípulos fieis. Os discípulos, por sua vez, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo. (Atos dos Apóstolos 13, 52).

 

A alegria como termômetro da maturidade humana.

A maturidade humana coincide com a maturidade espiritual. Não há como ser santos sem ter disciplina para educar nossa humanidade, normalmente inclinada para o pecado e suas consequências. Se amadurecermos para uma humanidade cheia e conduzida por Deus, poderemos transformar nossa missão numa consequência daquilo que vivemos em Deus. Para tanto, é necessário entender que não há felicidade sem fidelidade. Quem é fiel a Deus, naturalmente encontra força para viver na alegria do Espírito. A fidelidade não se limita à obediência a regras ou a rótulos exteriores. A verdadeira fidelidade está enraizada num maduro conhecimento de si a partir daquilo que Deus nos revela. O ser humano deve redescobrir sua identidade: Imagem e Semelhança de Deus.

Sendo assim, quanto mais nos assemelharmos a Jesus, mais realizados seremos, mais alegria teremos. Serve de auxílio a boa direção espiritual; a vida sacramental; a fidelidade ao grupo de oração; as boas leituras; o estudo do Magistério da Igreja (a Igreja é especialista em humanidade há dois milênios!). Daí como consequência, brotará a arte genuína e harmônica, o Cântico Novo e edificante. Em vós eu estremeço de alegria, cantarei vosso nome, ó Altíssimo! (Salmos 9, 3).

Testemunho prático da Alegria

 Desta forma, teremos o “poder” de ser instrumentos úteis ao Espírito Santo. Portadores da alegria que é própria da ação de Deus. Os detalhes íntimos do comportamento de Maria é um excelente itinerário prático para a vida em Deus, na força da Alegria do Espírito. Papa Francisco traça alguns exemplos desse itinerário na sua encíclica Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho):

 

Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor. É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça. Ela é a missionária que Se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afeto materno. Como uma verdadeira mãe, caminha conosco,

luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus. (…) Como a São João Diego, Maria oferece-lhes a carícia da sua consolação materna e diz-lhes: «Não se perturbe o teu coração. (…) Não estou aqui eu, que sou tua Mãe?

Evangelii Gaudim, N. 286

 Em outras palavras: Reclame menos! Transforme as coisas simples e humildes em motivação para alegria e ternura. Coloque-se a serviço: redescubra a unção escondida no ato de servir! Seja atento às necessidades daqueles que te rodeiam: deixe que gestos de gentileza e caridade estreitem os laços com os amigos que Deus te deu! Aprenda com as penas que a vida te traz. Só assim você terá condições de consolar os que sofrem e transformar tudo isso em canção ou arte! Não se acomode: vá ao encontro dos irmãos para levar a todos o Evangelho da alegria! Nunca se esqueça de que Nossa Senhora, nossa Mãe, jamais nos abandona!

Que a alegria de Maria nos ajude a viver carismaticamente nossa missão como ministros da arte, músicos e artistas adoradores, evangelizadores pela arte que gera conversão e alegria à Igreja de Jesus Cristo!