A palavra Vocação significa ‘chamado que exige resposta’. Não se trata apenas de uma aptidão ou facilidade técnica para alguma profissão. Embora se use a mesma terminologia, a inclinação natural de uma pessoa para determinada profissão caracteriza-se apenas como um aspecto da vida. Nós não existimos apenas para o trabalho. Há em nós uma semente de eternidade, uma sede de felicidade que quer se realizar em todas as esferas, não apenas no campo profissional. Deus está na origem de tudo. A Vocação é uma iniciativa Divina que vai se manifestando lentamente ao longo da vida. À medida que nos permitimos perguntar sobre vocação, nos tornamos mais conhecedores daquilo que é desígnio Divino para nós. O ser humano não passa à existência apenas para somar-se aos demais. É assim que cada um de nós deve pensar quando tem a chance de avaliar a própria vida.
A primeira grande graça que o ser humano tem é a de existir. O chamado à existência surge no momento da fecundação. O surgimento da vida é já um grande milagre, pois Deus se serve do patrimônio genético dos pais para criar uma alma eterna e destinada à felicidade. Quando a criança é levada às águas do Batismo, se confirma o segundo chamado: chamado à Santidade. Não é possível experimentar a alegria perfeita sem a habitação divina em nós. Onde Deus habita aí surge a verdadeira alegria, a felicidade. O mundo, os bens, os recursos materiais dão prazer, mas só Deus dá felicidade completa. Entendido o sentido da vida (primeiro chamado) e aceite o convite à santidade, cabe a cada um encontrar-se no lugar certo para ‘florescerem’ as condições para a santidade. É aqui que surgem os espaços humanos de santificação no convívio social e na realidade espiritual. Há quem perceba que o ‘lugar’ correto para realização pessoal seja o matrimônio. Outros podem optar pelo celibato consagrado. Se antes as opções de consagração de vida se restringiam ao seminário e o convento (padres e freiras); hoje a própria evolução do sentido da vida consagrada abriu novas portas. Centenas de jovens tem optado pela vida missionária. Em alguns casos durante a experiência missionária, jovens solteiros se conhecem e constituem família…surgem então ‘famílias missionárias’. O horizonte se expandiu porque as necessidades também se multiplicaram.
Tenho visto esta maravilha na minha vida também. Ingressei no seminário e desde então tenho visto grandes maravilhas de Deus na minha vida. Nunca vivi um dia igual ao outro! A aventura da consagração no sacerdócio me levou a conhecer muitos lugares e a fazer inúmeros amigos. Ao celebrar meus primeiros 15 anos de padre (26 de Agosto) posso testemunhar que a alegria mais bela é a que surge quando sabemos que estamos fazendo o que Deus sonhou. A vocação é uma iniciativa de Deus, e quando reconhecemos a Voz Dele, tudo fica mais claro. Não existe vocação sem desafios. Fomos feitos para grandes desafios porque nossa sede de felicidade não se esgota nas situações e fatos desta vida. Sonhamos algo que escapa às realidades do espaço e do tempo. Nosso anseio é respiro de uma alma eterna. Só Deus pode corresponder completamente a tudo isso. Louvo a Deus pelos meus anos de sacerdócio. Agradeço a quantos caminharam e caminham comigo. Fico extasiado ao acompanhar filhos (as) missionários (as) que atestam a mesma alegria. Quem quiser saber mais precisa ouvir o que Jesus dizia aos que lhe perguntavam sobre sua vida: Vinde e Vede!