Há alguns dias atrás, uma pessoa me partilhava o rancor que possui de seu pai por todo mal que ele fez com sua família, durante toda a vida. Infelizmente, esta pessoa tomou a triste decisão de cortar o relacionamento com o pai e me dizia que, depois de anos de sofrimento, não era mais possível perdoar. Mas existe limite para o perdão? Um dia Pedro perguntou a Jesus “Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas setenta vezes sete” (Mt 18,21b-22). A resposta de Jesus é clara: devemos perdoar sempre, porque Deus está pronto para perdoar sempre. Quando meditamos o Evangelho, ninguém está dizendo que perdoar é fácil, que mérito teríamos? Nós não conseguiremos perdoar com nossas próprias forças, necessitamos da graça e da ajuda de Deus.
Mas por que perdoar quem só me faz mal? Primeiramente, devemos perdoar aqueles que nos maltratam para conseguir o perdão de Deus. No Pai Nosso, Jesus nos ensinou a orar “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofende” (Mt 6,12). Dessa forma, compreendemos que nós teremos o perdão de Deus na mesma proporção em que concedermos o perdão ao irmão. Por pior que seja a pessoa e a maldade que ela fez, precisamos abrir o coração e liberar o perdão. Segundo o Catecismo a “onda de misericórdia não pode penetrar nos nossos corações enquanto não tivermos perdoado àqueles que nos ofenderam… Nós não podemos amar a Deus, a quem não vemos, se não amarmos o irmão ou irmã, que vemos” (CIC 2840).
Nós também devemos liberar o perdão, a fim de que a cura interior aconteça em nossos corações. A falta de perdão causa profundas feridas dentro de nós. Destas feridas surgem doenças interiores, psíquicas e até físicas. O ressentimento, a mágoa, o ciúme, o rancor, a vingança e o ódio matam a alegria que o Espírito Santo produz em nós. Já o perdão é fonte de cura interior. Ele é o melhor remédio para curar todas as nossas enfermidades. Quando abrimos o coração para o perdão, a cura acontece e a alegria volta ao nosso interior.
Por tudo isso, percebemos que nossa santidade pode estar escondida no perdão. Portanto, precisamos clamar a unção do Espírito Santo para que Ele nos conceda a graça de liberar o perdão. Quanto pior for a pessoa que devemos perdoar, melhor para nós! Pe. Delton Filho nos diz que um avião para decolar precisa enfrentar ventos contrários e, que são estes ventos que ajudam o avião a subir. Necessitamos aproveitar o irmão que nos maltratou para “subir”, buscar as coisas do alto e alcançar a grande graça que o Senhor tem guardada para nós.