Para falar de Igreja e de Música, o Papa Francisco citou do profeta Isaías a Dom Quixote e Bach, da variedade de composições nos 5 continentes ao silêncio imposto pela pandemia: mas um silêncio vazio ou em fase de escuta? Essa reflexão do Pontífice foi dirigida aos participantes da 4ª Conferência Internacional de Música que começam nesta quinta-feira (4) uma jornada de dois dias para aprofundar, em modalidade on-line, o tema de “textos e contextos” em relação à Igreja e à Música. O encontro está sendo organizado pelo Pontifício Conselho para a Cultura em colaboração com o Pontifício Instituto de Música Sacra e o Pontifício Instituto Litúrgico do Ateneo Sant’Anselmo.
O patrimônio musical da Igreja
O Papa Francisco, através da mensagem divulgada em vídeo, expressou o desejo de que o evento possa enriquecer as comunidades eclesiais e todos que trabalham no campo da música, “uma área que é muito importante para a liturgia e a evangelização”. Ao citar o profeta Isaías, o Pontífice recordou como “a Bíblia inspirou inúmeras expressões musicais” nos 5 continentes, basta pensar no percurso histórico da música com o canto gregoriano e Bach, por exemplo, mas também através de vários compositores contemporâneos que interpretaram textos sagrados.
A música na era Covid
O patrimônio musical da Igreja, acrescentou o Papa no vídeo, é muito variado e pode apoiar não apenas a liturgia, mas também a apresentação de concertos em teatros, nas escolas e na catequese. Porém, Francisco não poderia deixar de lembrar que, desde o início da pandemia da Covid-19, a atividade no campo da música foi severamente redimensionada:
O Papa, então, encorajou quem continua sofrendo as consequências da pandemia com a ajuda do espanhol Miguel de Cervantes que, numa das obras primas da literatura mundial com o personagem eterno de “Dom Quixote de La Mancha”, afirmava que “onde há música não pode haver maldade” (Parte II, c. 34). De fato, insistiu o Pontífice, “muitos textos e composições, através do poder da música, estimulam a consciência pessoal de todos e também criam uma fraternidade universal”.
A força da escuta em diferentes contextos
No entanto, refletiu Francisco na mensagem dirigida ao evento dos músicos, o próprio profeta Isaías mostrou o “valor do silêncio”. O Papa, assim, comentou sobre a importância do valor da pausa, da “alternância entre som e silêncio” que permite “a escuta” – um papel fundamental em qualquer diálogo:
“Caros músicos, o desafio comum é ouvir uns aos outros. Na liturgia, somos convidados a ouvir a Palavra de Deus. A Palavra é o nosso ‘texto’, o texto principal; a comunidade é o nosso ‘contexto’. A Palavra é fonte de significado, ilumina e orienta o caminho da comunidade. Sabemos como é necessário narrar a história da salvação em idiomas e linguagens que possam ser bem compreendidos. A música também pode ajudar os textos bíblicos a ‘falar’ nos novos e diferentes contextos culturais, para que a Palavra divina possa efetivamente alcançar as mentes e os corações.”
Nesse contexto, o Papa deu atenção especial ao que se analisa na conferência internacional, ou seja, às formas musicais mais diferentes que expressam a variedade das culturas e das comunidades locais, como é o caso das civilizações indígenas. O Pontífice disse que ali “a abordagem da música está integrada com os outros elementos rituais da dança e da festa” e afirmou que, nesse contexto, “podem surgir narrativas envolventes a serviço da evangelização”.
O silêncio é o quê?
A mensagem em vídeo do Papa foi finalizada com uma pergunta dirigida aos participantes do evento, no contexto extremo da pandemia em que vivemos: