Atletas amadores falam sobre paixão pelo esporte e benefícios da prática

Citada com frequência pelo Papa Francisco, dimensão amadora do esporte proporciona melhor qualidade de vida por meio do bem estar físico e da socialização

Nesta quarta-feira, 15 de novembro, é comemorado o Dia do Esporte Amador. Para além da prática profissional de diversas modalidades em todo o planeta, muitas pessoas também costumam praticar esportes para se exercitarem ou por gostarem da atividade.

O próprio Papa Francisco, quando fala sobre o esporte, costuma citar a dimensão amadora e sua importância. No discurso de abertura do primeiro Simpósio Internacional de Tênis e Padel na Itália, por exemplo, o Pontífice foi bem claro ao afirmar que não se pode perder o amadorismo no esporte, para que a sua prática não se concentre apenas em interesses comerciais.

Na ocasião, ele também citou que a parte lúdica do jogo deve ser sobreposta à competição. “Se, por outro lado, prevalecer a dinâmica da competição, esta desencadeia diversas formas de egoísmo que acabam por arruinar a prática desportiva, de forma a deixar de ser educativa, muito pelo contrário”, declarou.

Em janeiro deste ano, durante uma audiência com os jogadores da Federação Italiana de Voleibol, o Santo Padre ressaltou como é preciso deixar de lado a “materialidade” do mundo na prática esportiva. “O dinheiro e o sucesso nunca devem diminuir o elemento de jogo, de diversão”, afirmou, pedindo aos presentes que nunca deixassem de lado a dimensão amadora do esporte.

Socialização entre benefícios da prática esportiva

Doutor em Educação Física e Esporte, o fisioterapeuta Renato Soares destaca que toda atividade física é “altamente recomendada”, por proporcionar diversos benefícios. Em relação à saúde do corpo, ele cita, de modo especial, a prevenção de lesões musculoesqueléticas, que podem surgir com o avanço da idade, e de outras doenças específicas.

Mas, para além disso, Soares também frisa que práticas esportivas, especialmente de modalidades coletivas, podem influenciar positivamente nas relações humanas. “O esporte leva à socialização, que traz vários aspectos psicoemocionais positivos para qualquer pessoa”, declara. Neste contexto, ele fala ainda como realizar atividades físicas com a companhia de outras pessoas pode potencializar a prática, principalmente por meio da motivação promovida entre os envolvidos.

Da mesma forma, o fisioterapeuta sublinha a importância de ter afinidade com o esporte escolhido – a paixão citada pelo Papa Francisco. “Não existe um esporte melhor que outro, uma atividade física melhor do que outra”, afirma Soares, frisando que o importante é escolher uma prática que “gere prazer ao usuário”.

Esporte, gerador de virtudes

Membro da Comunidade Canção Nova na missão de Cachoeira Paulista (SP), Willamys Bernardo é exemplo desta prática de esportes aliada ao prazer. O jovem seminarista costuma correr, nadar, pedalar e jogar futebol, mantendo uma rotina de exercícios bem ativa e que o mantém animado para enfrentar o dia a dia.

Ele conta, inclusive, que o esporte o ajudou a não se envolver com drogas em sua adolescência. Uma realidade muito concreta durante sua juventude, Willamys manteve-se afastado deste mundo por conta de seu compromisso com o time de futebol no qual jogava. “O esporte me deu a consciência de que preciso ser um cidadão de bem, de lutar pelos meus valores”, afirma.

Os dois lados da competitividade

O seminarista, que se considera uma pessoa competitiva, encontra na busca constante pela superação de si próprio a motivação para se exercitar. Seja a distância percorrida, o tempo alcançado ou mesmo os resultados dentro dos campos e das quadras, ele pontua que esse comportamento o ajuda também no desenvolvimento mental e espiritual. “O esporte enriquece o meu ser humano, ser homem de Deus, e me educa nas virtudes. Eu preciso me superar, superar meu egoísmo jogando coletivamente, para jogar com o outro, e na atividade pessoal”, relata.

Contudo, Willamys também aponta que essa competitividade precisa de alguns limites para que seja bem aproveitada. “A disputa, a competição são saudáveis quando a pessoa quer bater uma marca própria ou vencer para que seu time siga na competição. Vejo isso como algo saudável, que faz parte do próprio esporte. Mas quando a malícia e o desejo que o outro se prejudique de forma física ou moral toma conta, isso não é legal nem correto”, declara, em consonância à afirmação do Papa Francisco de que “o outro, mais que um adversário digno de respeito, é sempre um amigo bem-vindo”.

Além disso, o missionário frisa que a competição, ao envolver vitórias e derrotas, ajuda a lidar com a frustração e a desenvolver a humildade. “O esporte me faz tirar um bom proveito desta competitividade que eu trago comigo, porque nem sempre eu vou conseguir ganhar, nem sempre o meu time vai conseguir ganhar, nem sempre eu vou me superar, mas com essas realidades o esporte me faz entender que eu preciso ter a humildade e conhecer os meus limites”, reflete.

Paixão por jogar

O jovem Daniel Fontes, também de Cachoeira Paulista (SP), mudou-se para a cidade no início do ano para cursar ensino superior. Carioca da zona oeste do Rio de Janeiro, ele se deparou com muitas diferenças culturais, mas descobriu, no esporte, um meio para superá-las e se adaptar à nova cidade.

O estudante relata que costuma praticar esportes coletivos, como futebol de salão (futsal) e voleibol, e que isso influenciou diretamente nos seus relacionamentos interpessoais. “Praticar um esporte coletivo é praticar um pouco de toda a construção da sociedade”, diz Daniel. “Conheci bastante gente nova, uma galera de uma cultura bem diferente da minha. Me identificar foi um processo longo, mas o esporte é esporte em qualquer lugar do mundo, então sem dúvida o esporte quebra barreiras, fronteiras”.

Além disso, o jovem destaca ainda os benefícios físicos que adquire a partir da prática esportiva, conforme apontado por Soares. Da mesma forma, Daniel se considera uma pessoa com tendência ao lazer, jogando por paixão, conforme pedido pelo Papa. Contudo, ele também não nega que tem seus momentos mais competitivos. “Se eu prejudicar o meu time ou perder bastante, eu fico bem competitivo. Mas, se fizer um ponto bonito no vôlei ou um gol no futsal, eu já me dou por satisfeito”, brinca.

Fonte: Canção Nova