Entrar em diálogo com o mundo contemporâneo para compreender melhor o que é a santidade, este é o objetivo da conferência “A santidade hoje”. O evento será organizado pelo órgão vaticano para as Causas dos Santos e aberto a todos. A conferência será de 3 a 6 de outubro em Roma, no Instituto Patrístico Augustinianum. Apresentada na segunda-feira, 19, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a conferência já conta com cerca de duzentos inscritos.
Semeraro: aprofundar a “santidade da porta ao lado”
O objetivo é aprofundar o que o Papa Francisco chama de “a santidade da porta ao lado”, especificou o prefeito do Dicastério, Cardeal Marcello Semeraro. Trata-se de um caminho para o qual todos são chamados e que o Concílio Vaticano II definiu como a “vocação universal à santidade”.
Segundo o cardeal, na prática, na realidade contemporânea, envolvendo membros do Dicastério, professores, estudiosos e expoentes da cultura e da mídia, o evento quer refletir sobre como identificar aqueles fiéis que têm fama de santidade entre o povo de Deus e sobre os elementos que levam à canonização.
“É sobre o hoje que queremos evidenciar”, salientou o purpurado, explicando que se quis envolver especialistas em teologia, espiritualidade, sociologia e comunicação para uma discussão mais ampla possível sobre as questões que o Dicastério trata diariamente.
O cardeal afirma que a intenção é, portanto, iniciar encontros todos os anos, para tornar a mensagem do Dicastério mais evidente, visando iluminar o trabalho diário e o escrutínio do tema da santidade, e confrontá-lo com as instâncias culturais, teológicas e eclesiológicas do momento.
A fama de santidade e o heroísmo cristão
A conferência se inspira no que Francisco escreveu na Exortação apostólica Gaudete et exsultate sobre o chamado à santidade e que o Pontífice propôs para tentar encarnar “no contexto atual, com seus riscos, desafios e oportunidades”. Ela desenvolverá, em particular, dois temas: a fama de santidade e o heroísmo cristão. Trata-se de de abordar tanto a convicção que os fiéis de hoje têm da santidade de uma pessoa – daí a percepção de uma excepcionalidade que leva ao pedido de intercessões – e ainda o exercício das virtudes, o martírio e a oferta da própria vida, aquele seguir em frente apesar das dificuldades.
Para o cardeal, a tarefa do Dicastério das Causas dos Santos é reconhecer a santidade através de fases específicas e coordenadas de discernimento. “A santidade canonizada, que propõe à Igreja intercessores e modelos aos quais inspirar-se”, visa principalmente “identificar figuras exemplares, que vão além da experiência comum, para chamar os batizados a viver sua vida cotidiana de maneira santa”.
Os dias da conferência
O programa da conferência inclui 11 discursos, 5 comunicações e 2 mesas-redondas, que resumirão os temas propostos com uma perspectiva internacional e de forma difusiva, também graças à coordenação de um jornalista. Para o dia 6 de outubro, último dia da conferência, está programada uma audiência com o Papa Francisco.
O Cardeal Semeraro abrirá e concluirá os trabalhos, enquanto outros participarão, como Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, o professor Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant’Egidio, padre Federico Lombardi, presidente da Fundação Ratzinger e ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, e vários professores universitários.
Os santos portadores de solidariedade, fraternidade, bondade e amor
“Precisamos de muitos santos”, pessoas comuns, comentou a professora de Sociologia dos Processos Culturais e Sociologia da Educação na Universidade dos Estudos Roma Três, Cecilia Costa, durante a apresentação da conferência. No dia 5 de outubro, ela falará sobre “Santidade e a crise cultural”.
“Jamais se mostrou, como neste momento histórico, a necessidade dos santos”, disse ela. E concluiu: “os santos não são um legado do passado, são um projeto para o futuro”.
Fonte: Canção Nova