Assessor da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB fala sobre os frutos gerados com o fim do 3º Ano Vocacional, as metas atingidas e os pontos benéficos gerados na Igreja
A primeira edição do Ano Vocacional no Brasil foi em 1983. À época, o evento permitiu à Igreja ampliar o conhecimento acerca da responsabilidade da comunidade cristã sobre a animação, o cultivo e formação das vocações. Agora, 40 anos depois, o 3º Ano Vocacional, que teve início em novembro de 2022 e termina neste sábado, 25, buscou promover a “cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade”. O tema desta vez foi “Vocação: graça e missão”, seguido pelo lema “Corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24,32.33)”.
“O 3º Ano Vocacional possibilitou que a Igreja do Brasil pudesse, mais uma vez, focar seu olhar para as questões vocacionais que envolvem todas as pessoas e tudo aquilo que realizamos na ação evangelizadora”, diz o assessor da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Guilherme Maia Júnior.
“Podemos dizer que, em linhas gerais, esse ano teve como objetivo favorecer um ambiente vocacional, para compreender que a responsabilidade é de todos nós. Essa compreensão nos leva a viver concretamente aquilo que foi o objetivo geral do 3º Ano Vocacional, [‘promover a Cultura Vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e sociedade’], pois só assim, com um ambiente onde a vocação possa ser vivenciada, teremos um maior despertar para as vocações específicas”, reitera o sacerdote.
No que se refere às ações concretas que foram desenvolvidas ao longo deste 3º Ano Vocacional, padre Guilherme ressalta que várias instâncias da ação evangelizadora — tais como o clero, religiosos, seminaristas, famílias, cristãos leigos — tiveram a oportunidade de refletir por meio de retiros espirituais e formações, com o tema e o lema do ano vocacional.
“Vale destacar as iniciativas que várias Igrejas Particulares realizaram com as juventudes, promovendo missões populares com jovens, que foi um dos objetivos específicos deste ano. O legado deixado pelo 3º Ano Vocacional, certamente colheremos em anos vindouros, mas podemos arriscar a dizer que a Igreja viveu a ‘injeção vocacional’ ao compreender que falar de vocação é falar da identidade e da missão de cada batizado”, destaca o sacerdote.
Promover a cultura vocacional
Em novembro de 2022, Dom Eurico Veloso assinou um artigo no qual assevera que o 3º Ano Vocacional seria um momento para “promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade”. E, segundo o assessor da Comissão, esta premissa é um convite para que toda a Igreja se coloque num caminho de conversão.
“Se não entendermos que nossa ação evangelizadora provém, em primeiro lugar, do chamado que Deus nos faz, de uma vivência coerente e disponível de nossa vocação, não alcançaremos aquilo que o Papa Francisco tem proposto à Igreja, num caminho sinodal, em que a Igreja é entendida como que uma ‘Sinfonia Vocacional’, que precisa de harmonia e afinação para realizar a vontade de Deus”, observa.
Tempo de análise
O Ano Vocacional foi um tempo necessário para que a Igreja pudesse se aprofundar nas reflexões acerca de Jesus Cristo e, obviamente, nas vocações que cada cristão tem. “O tema deste ano, ‘Vocação Graça e Missão’, centra-se no chamado que Jesus faz aos Apóstolos e no seu envio, destacando que Jesus chama aqueles que Ele quer, por isso vocação é graça, pois é uma iniciativa de Deus”, explica padre Guilherme.
A missão para a qual somos designados, detalha o sacerdote, não pode ser vivida sozinha, mas sim compreendida como missão. “O que esperamos para toda a Igreja, não só para os cristãos leigos e leigas, mas para todos, ministros ordenados, consagrados (as), jovens, famílias, é que todos sejam felizes em sua vocação, que todos vivam com serenidade e coerência o seu chamado, para que possam ser testemunhas da alegria de pertencer a Deus, pois só assim iremos conseguir um florescer de vocações em nossa Igreja”, diz.
Sinais do tempo
Em tempos difíceis como os vividos atualmente, especialmente por conta de tantos conflitos armados ao redor do mundo, padre Guilherme acredita que é este também o momento propício para se ouvir a Palavra de Deus. “Somente nesta escuta seremos pessoas capazes de gerar paz, amor e reconciliação. Ouvir a Deus é assumir sua vocação, e não há paz verdadeira sem abraçar o chamado do Senhor”, concluiu.
Fonte: Canção Nova