“Fotografia, dentre tantos significados etimológicos, um em especial nos chama a atenção, escrita da luz. Sabemos que muitos termos utilizados na tecnologia são próximos ou até idênticos aos teológicos, e na fotografia, existe uma vasta riqueza destes termos, aos quais precisamos nos aprofundar, para que toda a sacralidade que captamos com os olhos possa se tornar arte e evangelização”. Quem afirma é o criador e professor da Técnica de Fotografia Religiosa, Fernando Nunes, por ocasião do Dia Mundial da Fotografia comemorado nesta sexta-feira, 19.
Fernando ressalta que o fotógrafo que se dispõe a registrar uma ação litúrgica precisa conhecê-la e, conhecendo-a, verdadeiramente a amará. O fotógrafo ressalta que a liturgia é uma ação sagrada, através da qual, com ritos, na Igreja e pela Igreja, se exerce e prolonga a obra sacerdotal de Cristo, que tem por objetivos a santificação dos homens e a glorificação de Deus.
“Quando fotografamos uma celebração litúrgica (casamento, batizado, missa), buscamos “capturar” dos sinais e símbolos litúrgicos aquilo que os olhos não podem ver. As lentes da câmera ajudam a romper as barreiras impostas pelas limitações humanas e fazer uma experiência do céu”.
O sentido da visão humana unida ao sentido da fé é algo essencial para enxergar as realidades sobrenaturais que não se pode ver, mas que estão implícitas em toda a criação, afirma Fernando. Portanto, deve-se “treinar os olhos da alma”, deixar que a fé venha, por suplemento, os sentidos completar, como diz São Tomás de Aquino.
Outro ponto destacado pelo professor é que, para criar imagens que reflitam verdadeiras experiências de fé, primeiro é preciso vivenciar pessoalmente essas experiências. Isso é importante porque há o risco de obter uma imagem qualquer, vazia de significado.
O tema “fotografia e liturgia” está entre as dúvidas mais frequentes dos fotógrafos. Obter orientações para sanar as dúvidas e realizar um bom trabalho como fotógrafo é de suma importância, sem esquecer, é claro, a maior de todas as regras: o amor, ensina o professor .
Fotografia Religiosa
Segundo Fernando, a fotografia religiosa é uma técnica de captação de imagens que sejam verdadeiras vivências de fé. Por isso é utilizada a palavra “religiosa” que vem do latim “religare” e quer dizer religar, sendo assim, são imagens que nos religam ao Sagrado.
Um fotógrafo religioso é alguém que faz pontes entre o eterno e o click, define Fernando. “Parece um pouco poético, mas é isso que eu penso de alguém que dedica a sua missão a “pregar com a câmera”. Os pregadores pregam na frente dos microfones, dos celulares, a nossa pregação é atrás das câmeras, no silêncio, mas eu acredito que em uma foto tem guardado palavras que jamais saberíamos expressar, vivemos conexões com nossa alma”.
Para Fernando, aqueles que pintam as catedrais, os que fazem as imagens do santos, têm uma missão de, através da beleza, evangelizar. O fotógrafo exprime pelos olhos mecânicos da câmera aquilo que só os olhos da alma podem ver, acrescenta.
Evangelizar e ser evangelizado
Para Fernando, a evangelização por meio da fotografia exige preparo, sensibilidade, espiritualidade, pois são as imagens palpáveis que construirão a imagem do invisível. Sem a experiência pessoal, elas se tornarão vazias de significado.
O professor e criador da Técnica de Fotografia Religiosa acredita que ele evangeliza e é evangelizado por meio da fotografia. “Tanto acredito que desenvolvi um banco de imagem para que os fotógrafos possam ajudar nesta evangelização, um banco de imagens católicas colaborativo onde os agentes de pastorais da comunicação produzem e disponibilizam imagens de boa qualidade para o serviço de comunicação da Igreja. E quem quiser conhecer é o fotografiareligiosa.com.br e o instagram é @fotografiareligiosa”. E acrescenta: “somos chamados a ter as câmeras nas mãos e o coração na missão”.
Origem do Dia Mundial da Fotografia
A escolha do dia 19 de agosto para celebrar esta data é uma homenagem à invenção do daguerreótipo, o antecessor das câmeras fotográficas. Foi em 19 de agosto de 1839 que a Academia Francesa de Ciências anunciava mundialmente a invenção. Este aparelho foi desenvolvido pelo francês Louis Daguerre (1787-1851) em 1837, graças aos estudos de Joseph Niépce (1765-1833), que havia criado a héliographie alguns anos antes.
Em 1839 também foi inventado o calótipo, um outro sistema de captura de imagens, criado por William Fox Talbot (1800-1877). Por causa dessas incríveis invenções, 1839 se consagrou como o Ano da Invenção da Fotografia.
Fonte: Canção Nova