A guerra é um dos eventos que mais se repete ao longo da história da humanidade. Se alguém ocupa o espaço que outro deseja ou se torna ameaça para outro, o combate é a solução mais fácil de se escolher. A história das civilizações é profundamente marcada pelas batalhas. O Japão, por exemplo, atravessou milênios à custa de guerras que levaram dinastias inteiras ao colapso ou à glória do trono. O mundo grego, berço da civilização, coleciona lendas de combates colossais onde centenas de milhares de pessoas se colocaram no campo de batalha. Nossa terra já viu muito sangue derramado. Esposos que nunca mais voltaram. Jovens vidas ceifadas. Viúvas em pranto. Órfãos aos milhares… Cada combate deixou suas marcas nas páginas da história. Para cada guerra se dá um nome. Guerras Púnicas. Guerra dos cem anos. Guerra do Golfo. Guerra do Vietnã. Guerra dos farrapos…
Há poucos dias me perguntava onde, na história, se tentou dar nome à paz. Percebi que quase nunca se preocupam em dar nome a ela. Quanta gente faz guerra para encontrar a paz! É como se alguém buscasse a morte para ficar vivo. Ou tomasse veneno para ficar curado… Há vários tipos de morte, mas só há um modo de ficar vivo de verdade. Há várias guerras, mas ninguém conseguiu alcançar a paz através delas.
Certa vez, Jesus de Nazaré disse aos seus discípulos: “Deixo-vos a minha paz. A minha paz vos dou!”. Certamente ele não se referia a uma paz de armistício. Não se tratava de uma paz de tratados (como o de Kyoto ou o de Genebra). Ele falava de uma paz diferente. Uma paz que Ele quis chamar de ‘minha’. Minha paz! A paz do Senhor Jesus é diferente da paz buscada à custa de batalhões de choque ou bombas de gás lacrimogêneo. Não se trata de uma paz conquistada palmo a palmo através de grupos pacifistas ou de representantes da ONU. Certamente não é a paz que impõe a abstenção da própria crença para simular uma liberdade ideológica. A paz que Jesus chamou ‘minha’ é algo que não vem deste mundo. É tão forte que é capaz de subsistir mesmo em meio a bombas. Onde os corações ficaram endurecidos pelo ódio gélido, ela é capaz de se manter acesa como uma brasa ardente.
Basta pensar na paz que levou um polonês como Maximiliano Kolbe oferecer a vida por um pai de família condenado à morte num campo de concentração nazista. A paz de Van Thuan, bispo de Saigon, que se manteve lúcido e feliz mesmo depois de 9 anos condenado ao isolamento numa cela de 3 metros quadrados por causa de sua fé, sob um regime ditador. A paz que deu força para a mãe de Goretti – adolescente assassinada numa tentativa de estupro na Itália – para perdoar o assassino de sua amada filha. Existe uma paz que confunde as estratégias dos generais. Um terrorista pode espalhar o terror, mas não pode aprisionar ou aniquilar a força dessa paz.
Com certeza, essa paz não é daqui. Vem de alguém que foi capaz de perdoar aos próprios algozes. Vem do coração de quem não reservou nada para si. Essa paz…Ele a oferece à humanidade.
Mas como receber esta paz? Conheço pessoas que já gastaram o que não tinham para reencontrar a paz perdida. Sei de gente que viaja kilômetros para conseguir ouvir um conselho ou vaticínio que lhe devolva a paz roubada. Mas a viagem mais difícil não custa nada e é a mais necessária para os dias atuais: a viagem da mente até o coração. Essa é a distância que todos devemos percorrer. Nossa mente não se sentiria satisfeita com uma paz gerada pela ausência de guerras. A paz não é ausência de algo. É presença de Alguém! Essa paz é Jesus. Toda vez que permitimos que Suas Palavras convençam nosso coração, Ele permanece conosco. Se Ele está conosco, quem será contra nós? Deixe-se inundar desta paz! Ele está no meio de nós!
Seu irmão.