“Recordemos a sua fé: que seja de exemplo para viver o nosso testemunho hoje”, afirma o Papa Francisco no dia da memoria litúrgica de São João Paulo II.

Nesta quinta-feira, 22 de outubro, a Igreja recorda São João Paulo II. Para a ocasião, o Papa Francisco postou 2 tuítes nas redes sociais. O primeiro diz: “Hoje em dia muito frequentemente o homem não sabe o que traz no interior de si mesmo, no profundo do seu ânimo e do seu coração… Permiti a Cristo falar ao homem. Somente Ele tem palavras de vida, de vida eterna”.

No segundo tuíte, Francisco diz: “São João Paulo II, apaixonado pela vida e fascinado pelo mistério de Deus, do mundo e do homem, foi um dom extraordinário do Senhor à Igreja. Recordemos a sua fé: que seja de exemplo para viver o nosso testemunho hoje”.

“Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! (São João Paulo II)”

Um incentivo, numa época de muros e sistemas opostos máximos, a confiar num “poder salvador” maior. Agora que o muro a ser abatido é o vírus infinitamente pequeno, o apelo de Karol Wojtyla ressoa intacto em sua pertinência. Foi o que disse ao Vatican News o postulador da causa de canonização de São João Paulo II, mons. Slawomir Oder.

Mons. Oder: Absolutamente sim. Lembro-me de uma frase que encontrei em seus escritos logo no início de seu pontificado, quando ele repercorre toda sua história e conclui: “Debitor factus sum”, “Tornei-me devedor”. Para mim isto é também uma chave de leitura para interpretar o que é o fenômeno de João Paulo II: ele paga com sua vida a dívida de amor, especialmente em relação a Cristo, e é por isso que as palavras “Procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo” têm um valor programático e permanecem válidas ainda hoje. Porque assim como a vida de João Paulo II foi pagar uma dívida em relação ao amor de Deus, também hoje, ao aceitar este convite, podemos de alguma forma fazer a nossa parte no pagamento de nossa dívida em relação a este pontífice, em relação à história em que vivemos. Se hoje, mesmo no contexto do mundo atingido pela pandemia, recorremos a Cristo, podemos também abrir os nossos corações e mentes, nossas consciências, abrir os sistemas políticos, econômicos, estatais, culturais, os vastos campos em que o homem atua, à mensagem cristã.

João Paulo II mostrou grande força: que testemunho ele nos deixou em sua maneira de viver a doença?

Mons. Oder: Penso que para todos nós permanece uma imagem forte, aquela que nos deixou no final de seus dias, na última Sexta-feira Santa, aquela filmagem televisiva de sua participação na última Via-Sacra no Coliseu: não mais presente fisicamente entre muitos peregrinos, mas em sua capela segurando a cruz. Para ele a cruz era a chave de leitura para entender a dor humana e uma chave que abria as portas da esperança.

João Paulo II, Karol Wojtyla, foi um protagonista da história. Não me lembro quem disse que todos dão a sua contribuição, alguns com uma vírgula outros com um capítulo. Wojtyla vale mais que um livro.

Mons. Oder: Não há dúvidas. Realmente fomos testemunhas de mudanças de épocas que certamente tiveram raízes muito distantes. Um elemento foi a eleição de João Paulo II, o homem que veio de um país distante, da Polônia, além da Cortina de Ferro: de repente com ele também tivemos que nos dar contar da  existência do Leste Europeu. Mas embora fosse um protagonista com a sua palavra, com o encorajamento, ele era extremamente humilde. Quando alguém lhe dizia que foi ele quem derrubou o comunismo, ele negava claramente. Dizia que era a Providência Divina, servindo-se também dele. João Paulo II foi um homem que acompanhou todos estes processos com sua oração, em primeiro lugar, mas depois com sua palavra, com seu ensinamento, com o testemunho de sua coragem e com gestos proféticos. João Paulo II nos ensinou a não nos resignarmos à mediocridade, mas a viver a plenitude de nossa vida a fim de fazer de nossa vida uma verdadeira obra-prima.

Eleição de São João Paulo II

O dia 22 de outubro de 1978 marca o início do Pontificado de João Paulo II. Um dia histórico precedido, em 16 de outubro, pela sua eleição à Cátedra de Pedro.

O dia da eleição foi marcado pela primeira saudação e pela primeira bênção: “Os eminentíssimos cardeais  – diz João Paulo II –  chamaram um novo bispo de Roma. Eles o chamaram de um país distante … distante, mas sempre tão próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo em aceitar este compromisso, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor Jesus Cristo e de total confiança em sua Mãe, Nossa Senhora Santíssima”.

Abram-se os confins dos Estados

Alguns dias mais tarde, na homilia da Missa no início do Pontificado, João Paulo II pronunciou as seguintes palavras:

“Irmãos e Irmãs: não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder! E ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir a Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira! Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem “o que é que está dentro do homem”. Somente Ele o sabe!”

Naquele mesmo dia, João Paulo II também elevou “uma oração fervorosa, humilde e confiante”: “Ó Cristo! Faz com que eu possa me tornar e ser o servidor do teu único poder! Servidor do teu doce poder! Servidor do teu poder que não conhece o ocaso! Faz com que eu possa ser um servo! Antes, servo de teus servos”.

Aos filhos e filhas de língua portuguesa

Aos fiéis de língua portuguesa disse:

“Irmãos e Filhos de língua portuguesa (em português): Como “servo dos servos de Deus”, eu vos saúdo afetuosamente no Senhor. Abençoando-vos, confio na caridade da vossa oração e na vossa fidelidade, para viverdes sempre a mensagem deste dia e deste rito: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”

Que as palavras de São João Paulo II continuam a inspirar

Comentando as palavras pronunciadas por São João Paulo II em 1978, o Papa Francisco assim se dirigiu aos fiéis poloneses presentes na Audiência Geral de 17 de outubro de 2019.

Sinal indelével

 Por ocasião de uma Convenção realizada em 13 de outubro de 2018, o Papa Francisco enfatizou que São João Paulo II “deixou um sinal indelével na Igreja e na sociedade”. “Que a redescoberta do testemunho de fidelidade a Deus e de amor ao homem deste meu venerável antecessor – lê-se na carta  – encoraje todos, especialmente os jovens, a escancararem as portas a Cristo para um compromisso generoso em favor da paz, da fraternidade e da solidariedade “.

Terceiro Pontificado mais longo da história

João Paulo II faleceu em Roma, no Palácio Apostólico do Vaticano,  no sábado, 2 de abril de 2005, às 21h37, na véspera do Domingo da Divina Misericórdia, por ele instituído. Seu pontificado foi o terceiro mais longo da história, depois do de Pedro e de Pio IX. O funeral solene na Praça São Pedro foi celebrado no dia 8 de abril. Beatificado em 2011 por seu sucessor imediato, Bento XVI, foi canonizado em 27 de abril de 2014 pelo Papa Francisco.

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