“Junho Vermelho” é comemorado por diversas iniciativas no país, que estimulam o ato de solidariedade essencial para salvar vidas todos os dias.
Neste mês, iniciativas em todo o Brasil realizam a campanha Junho Vermelho. Instituída por Lei em diversos estados e com um projeto em tramitação no Congresso Nacional, o objetivo é promover ações de conscientização da população sobre a doação de sangue.
Em seu site oficial, o Ministério da Saúde informa que uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. Isso porque o sangue é usado em diversas situações: em anemias crônicas, cirurgias de urgência, acidentes que causam hemorragias, complicações da dengue, febre amarela, tratamento de câncer e outras doenças graves.
O médico da Fundação Pró-Sangue, que atua na região metropolitana de São Paulo (SP), Cássio Gianinni, explica que os pacientes oncológicos são os primeiros a receberem doações. Na sequência vêm as pessoas que passam por cirurgias invasivas, e as vítimas de acidentes de trânsito, que costumam gerar grandes perdas sanguíneas.
Uma rede de solidariedade
Independentemente do motivo, é importante ressaltar que o sangue é um componente insubstituível. O doutor Cássio conta que, ainda que o Brasil cumpra o nível mínimo de doações de sangue, “continuamos precisando muito de sangue”, vista a gama de aplicações. Por isso sua disponibilidade é imprescindível, o que faz o ato de solidariedade ao doar sangue se tornar tão relevante.
O estudante de jornalismo, Mateus Leite, é uma prova disso. Aos 13 anos, ele descobriu um tumor no rim e precisou passar por uma cirurgia. O procedimento levou cerca de 12 horas, ocasionando a perda de muito sangue. Contudo, o estoque de bolsas ajudou a concluir a operação e salvar a vida do Mateus. Depois de vivenciar a necessidade, ele foi impulsionado a também doar sangue.
Atualmente, ele é doador regular e indica que outras pessoas façam o mesmo. Desde 2017 começou a divulgar campanhas pró-doação, quando atuava voluntariamente em hospitais. Hoje, partilha: “Doar sangue salva vidas, ainda que indiretamente. Todos deveriam doar, pois é algo que Deus nos deu e nós podemos contribuir. Essa é uma forma gratificante de ajudar”.
Condições e restrições para doação
Contudo, nem todos podem doar, e é importante conhecer as condições. Desta forma, a saúde do doador e da pessoa que vai receber o sangue não correm riscos. Para fazer uma doação sanguínea, segundo a Fundação Pró-Sangue, é necessário:
• Estar em boas condições de saúde.
• Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos precisam de autorização dos responsáveis).
• Pesar, no mínimo, 50 Kg.
• Ter dormido pelo menos 6 horas na noite anterior à doação.
• Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação).
• Apresentar documento original com foto recente, que permita a identificação do candidato, emitido por órgão oficial.
Algumas condições podem impedir uma pessoa de doar sangue temporariamente. Algumas delas são :
• Resfriado (necessário aguardar 7 dias para reavaliar estado de saúde antes de doar).
• Gravidez.
• 90 dias após parto normal e 180 dias após cesariana.
• Amamentação (se o parto ocorreu há menos de 12 meses).
• Ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação.
• Tatuagem, maquiagem definitiva e micropigmentação (sobrancelhas, lábios, etc.): aguardar 12 meses; se feitas em estabelecimento adequado (seguro) e com todos os cuidados necessários (assepsia correta e material descartável), o prazo é de 6 meses.
• Herpes.
• Febre amarela.
• Coronavírus
Já os impedimentos definitivos para doação de sangue são:
• Hepatite:
◦ Hepatite após o 11º aniversário: Recusa Definitiva.
◦ Hepatite B ou C após ou antes dos 10 anos: Recusa definitiva.
◦ Hepatite por Medicamento: apto após a cura e avaliado clinicamente.
◦ Hepatite viral (A): após os 11 anos de idade, se trouxer o exame do diagnóstico da doença, será avaliado pelo médico da triagem.
• Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue: Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas.
• Uso de drogas ilícitas injetáveis.
• Malária.
• Doença de Parkinson.
Além disso, é necessário observar o intervalo necessário entre doações. Homens podem doar sangue até quatro vezes por ano, com intervalos de 60 dias entre as doações, e mulheres podem doar até três vezes por ano, com períodos de 90 dias entre cada coleta. Para fazer doações sanguíneas, basta procurar o hemocentro mais próximo.
Ajudar o próximo, gesto de amor
A professora de Educação Física, Bianca Alves, fez isso e se tornou doadora há quatro anos. Ela conta que não houve nenhuma motivação específica para começar a fazer doações. “Sempre foi algo que tive em meu coração, e quando pesquisei, vi que havia um hemocentro relativamente perto. A partir daí se tornou algo real”, conta Bianca.
Esse olhar para o próximo é destacado pelo doutor Cássio. Segundo o médico, as doações são mais raras nas capitais por conta da impessoalidade das relações. “As pessoas raramente têm tempo de olhar quem realmente precisa. E nós sempre estamos precisando”, relata.
Ele também fala que doar sangue é um ato de amor ao próximo, que relembra o sacrifício de Jesus na cruz. “O sangue derramado na cruz de Jesus tem um poder muito grande porque relata uma experiência real, histórica, e permanece até hoje”, conclui o doutor Cássio.
Fonte: Canção Nova