Momento em que Dom Jaime Spengler recebe o chapéu eclesiástico e o anel / Foto: Reprodução Vatican Media

O Papa Francisco presidiu neste sábado, 7, a Santa Missa do Consistório Público Ordinário para criação de 21 novos cardeais na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Dentre os novos cardeais esteve o brasileiro Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Na homilia, o Pontífice encorajou os prelados a “caminhar no caminho de Jesus: juntos, com humildade, admiração e alegria”. Francisco lembrou aos cardeais que receberam o chapéu vermelho, que assim como a ascensão de Jesus a Jerusalém não foi uma ascensão à glória mundana, mas à glória de Deus, também eles devem colocar o Senhor no centro e ser construtores de comunhão e de unidade.

Recordando o Evangelho de Marcos, o Papa disse que em Jerusalém Jesus morreria na cruz para nos devolver a vida. Ele tomou um “difícil caminho de subida que o levaria ao Calvário”, explicou ele, enquanto os discípulos pensavam em um “caminho de descida suave para o Messias triunfante”.

O Papa observou que a mesma coisa pode acontecer conosco: “Nosso coração pode se desviar, deixando-nos deslumbrar pelo fascínio do prestígio, pela sedução do poder, por um zelo excessivamente humano pelo Senhor”.

“É por isso”, continuou ele, “que precisamos olhar para dentro, estar diante de Deus com humildade (…) e perguntar: Para onde vai o meu coração? Para onde é direcionado? Será que tomei o caminho errado? “Precisamos olhar para dentro, estar diante de Deus com humildade”, indicou.

Volte para o coração

O Santo Padre destacou ainda que os novos Cardeais são chamados a fazer todos os esforços para caminhar no caminho de Jesus.

“Caminhar no caminho de Jesus significa acima de tudo voltar a ele e colocá-lo novamente no centro de tudo”, disse o Papa, alertando-os que olhar para as coisas secundárias e as aparências externas podem ofuscar o que realmente importa.

A própria palavra “Cardeal”, explicou, refere-se a uma dobradiça inserida numa porta para a fixar, apoiar e reforçar.

“Queridos irmãos: Jesus é o nosso verdadeiro apoio, o ‘centro de gravidade’ do nosso serviço, o ‘ponto cardeal’ que orienta toda a nossa vida”, destacou Francisco.

Uma paixão pelo encontro

“Caminhar no caminho de Jesus significa também cultivar a paixão pelo encontro”, continuou o Papa, observando que “Jesus nunca caminhou sozinho”. Ele veio para “curar a nossa humanidade ferida, para aliviar os fardos dos nossos corações, para limpar a mancha do pecado e para quebrar os laços da escravidão”, acrescentou.

No seu caminho, disse o Papa, [Jesus] “encontrou os rostos daqueles que sofriam e daqueles que perderam a esperança. Ele ressuscitou os caídos e curou os enfermos e os de coração partido”.

Construtores de comunhão e unidade

“Caminhar no caminho de Jesus significa, em última análise, sermos construtores de comunhão e de unidade”, disse o Papa, alertando contra “o verme da competição” e “o muro divisório da hostilidade” que nos impede de nos vermos como filhos do mesmo Pai.

Ele exortou aos novos cardeais – provenientes de diferentes origens e culturas – a serem “testemunhas de fraternidade, artesãos de comunhão e construtores de unidade”.

Citando o discurso de São Paulo VI durante um consistório, o Papa Francisco disse: “É nosso desejo que todos se sintam em casa na família eclesial, que não haja exclusão ou isolamento, que se mostra tão prejudicial à nossa unidade na caridade, ou aos esforços fazer com que alguns prevaleçam em detrimento de outros.”

Concluindo, disse aos 21 novos cardeais: “Amem-se uns aos outros com amor fraterno e sejam servos uns dos outros, servos do Evangelho. Caminhar no caminho de Jesus, juntos, com humildade, admiração e alegria”.

 

Fonte: Canção Nova