Francisco recebeu os membros da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém e dirigiu um pensamento à Terra Santa: “Muitos inocentes mortos. Somos testemunhas de uma tragédia nos lugares onde o Senhor viveu, onde viveu nos ensinou a amar e a perdoar”. O convite aos membros da Ordem para formar e se formar “na caridade universal e inclusiva”.
O Papa Francisco recebeu, nesta quinta-feira (09/11), no Vaticano, os membros da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. O Pontífice recordou a Terra Santa, dilacerada pela violência e por um conflito que já causou milhares de mortes. As palavras do Papa soam quase como um choro: “Infelizmente, somos testemunhas de uma tragédia que se realiza nos lugares onde o Senhor viveu, onde nos ensinou através da sua humanidade a amar, a perdoar e a fazer o bem a todos. Em vez disso, os vemos dilacerados por um sofrimento terrível que afeta sobretudo muitas pessoas inocentes, muitos inocentes mortos”.
Francisco expressou sua tristeza pela situação na Terra Santa durante a audiência com os participantes da Consulta da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, que reuniu, em Roma, cavaleiros, damas, lugar-tenentes, delegados magistrados e este ano também bispos grão-priores.
Estou espiritualmente unido a vocês, que certamente vivem este encontro da Consulta, compartilhando a grande dor da Igreja Mãe de Jerusalém e implorando o dom da paz.
Formação espiritual e organizacional
O discurso de Francisco centrou-se no tema da Consulta, a formação. A formação para os aspirantes a ingressar na Ordem; formação permanente para quem já participa da sua vida e missão; formação de quem ocupa cargos de responsabilidade do ponto de vista espiritual, “na consciência do elevado compromisso moral assumido perante o Altar”, e o relativo à organização das atividades e administração dos recursos, “para satisfazer, de maneira continuativa e adequada, às necessidades da Terra Santa”.
O símbolo da Cruz
São quatro as orientações indicadas pelo Papa: “Formação inicial, permanente, prática e espiritual”. Quatro linhas representadas no sinal da Cruz, que se destaca claramente nos mantos dos membros da Ordem. A cruz, disse ele, com o seu braço horizontal “recorda o compromisso de fazer com que a dedicação a Cristo crucificado e ressuscitado abrace toda a sua vida, e na caridade os torne próximos de cada irmão e irmã”. Já na vertical, “lembra a complementaridade indispensável, no seu caminho, entre vida de oração e de serviço aos irmãos, atenta, qualificada, bem enraizada nas realidades em que trabalha, visando o bem total da pessoa”.
Compromisso com os necessitados
Neste sentido, recordando os Estatutos que “constituem o caminho principal” para caminhar como Ordem laical, Francisco exortou a “associar homens e mulheres comprometidos com uma participação mais plena na vida da Igreja”, a partir da “Igreja Mãe” de Jerusalém e abrindo-se ao mundo inteiro.
Com essa visão universal, vocês são chamados a ser uma Ordem que, forte em sua própria identidade, participa do mistério da caridade da maneira mais bonita, aberta e disponível, pronta para assumir os serviços que o Senhor pede através das necessidades dos irmãos: desde a educação das crianças nas escolas até a solidariedade concreta com as categorias mais frágeis, como os idosos, os doentes e os refugiados.
Uma caridade praticada com inteligência e imaginação
“Formar e formar-se”, portanto, “numa caridade universal e inclusiva”, afirmou o Papa. Nesta perspectiva, disse ele, é necessário estudar a história da Ordem e, “num contexto de escuta e de oração”, esforçar-se para adquirir competências para responder às necessidades do próximo: “Este é um grande serviço que vocês podem prestar hoje à Igreja e ao mundo”, sublinhou o Pontífice.
Em todas as épocas, mesmo na nossa marcada pelo paradigma tecnocrático, há grande necessidade de pessoas que pratiquem a caridade com inteligência e imaginação.
Fonte: Vatican News