Diante de uma vida feita para gastar e não para guardar, o Papa Francisco exortou os membros da Associação de Jovens Profissionais Toniolo a “sujarem as mãos” em prol do mundo. O Pontífice recebeu os jovens em audiência nesta sexta-feira, 12, na Sala Clementina.
A associação reúne bolsistas de programas de fellowship para oferecer aos jovens a oportunidade de realizar um estágio nos escritórios das representações da Santa Sé junto aos Organismos Internacionais.
No início de seu discurso, o Santo Padre agradeceu aos presentes pelo serviço que realizam, indicando que sua presença, com a capacidade de sonhar e o desejo de olhar adiante faz bem às instituições. Da mesma forma, ele destacou a chance de adquirir experiência por meio do trabalho com instituições internacionais ao mesmo tempo em que a fé é amadurecida pela vida cristã que enfrenta os desafios atuais do mundo.
Criatividade para sonhar
Na sequência, Francisco expressou sua preocupação com o “pensamento reduzido” nas novas gerações. Ele se referiu ao imediatismo que não permite olhar para cima ou para frente, mas apenas para o agora. Além disso, pontuou que diante da complexidade do mundo, esse tipo de pensamento leva à generalização e à crítica, à busca somente dos próprios interesses imediatos em vez do bem do próximo e do futuro de todos.“Fico preocupado quando ouço falar de jovens presos atrás de uma tela, com seus olhos refletindo luzes artificiais em vez de deixar sua criatividade brilhar. Porque ser jovem não é ter o mundo em suas mãos, mas sujar as mãos em prol do mundo; é ter uma vida para gastar, não para guardar”, exprimiu o Papa.O Santo Padre ressaltou que muitos jovens são pressionados para ter performances “cada vez mais exigentes”, ou então parecem “abatidos e anestesiados” e sem compromisso “com um livro ou com um irmão necessitado”. Diante disso, o Pontífice questionou os presentes: “Vocês sonham? Vocês têm uma inquietação em seus pensamentos, em seu coração? Vocês são inquietos ou já são jovens ‘aposentados’? Não se esqueçam: sonhem com inquietude”.
Renovação
Francisco prosseguiu, apontando para a tristeza dos jovens que são “profissionais por fora e sem graça por dentro” e, pressionados pelo dever, refugiam-se na busca do prazer. Ele também ressaltou que o mundo precisa da criatividade e do impulso que somente os jovens podem dar, por ter nas mãos a criatividade e o impulso, a sede de verdade, o grito de paz, a visão do futuro.
“Eu gostaria de dizer a vocês: levem isso para onde atuam, colocando-se em risco sem medo. Coloque-se em ação. Porque os jovens são as alavancas que renovam os sistemas, não as engrenagens que precisam mantê-los vivos”, animou Francisco.
Corações destemidos
Ele reiterou que “a vida pede para ser doada, não administrada”, e voltou-se para o tema da paz, mais urgente do que nunca. O Papa pediu por “empreendimentos ousados” e “visões corajosas”, que só podem vir dos corações jovens, destemidos e abertos ao Evangelho, capazes de “escrever novas páginas de fraternidade e esperança”.
O Pontífice também citou outras áreas que precisam de renovação e da criatividade, como a economia, a luta contra a fome, contra a produção e contra comércio de armas, a questão climática, a comunicação e o mundo do trabalho. Diante disso, afirmou confiar aos jovens “esses sonhos”.
“Como um homem velho que sou, fico emocionado ao ver seus rostos jovens; e penso em como Jesus fica ainda mais emocionado ao olhar para vocês — Jesus, ao olhar para vocês, fica emocionado — Ele que sempre tem um coração jovem e que chamou os jovens para segui-Lo”, concluiu.
Fonte: Canção Nova