O Papa Francisco dedicou seu discurso na Audiência Geral desta quarta-feira, 7, à tristeza. Continuando com o ciclo de reflexões sobre “vícios e virtudes”, o Pontífice falou sobre este problema, “um abatimento da alma, uma aflição constante que impede o homem de sentir alegria em sua própria existência”.
No início de sua fala, ele citou que os padres do deserto desenvolveram uma distinção importante entre dois tipos de tristeza. O primeiro é próprio da vida cristã, pois faz parte do caminho de conversão e que, com a graça de Deus, se transforma em alegria. O segundo “se infiltra na alma e a prostra em um estado de desânimo”, precisando ser combatido.
Ao reiterar que há uma “tristeza amiga”, que leva o homem à salvação, o Santo Padre recordou a parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,11-25). Quando o jovem chega ao fundo de sua degeneração, sente uma grande amargura, e isso o faz voltar a si e à casa do seu pai. “É uma graça sentir dor pelos nossos pecados, lembrar o estado de graça do qual caímos, chorar porque perdemos a pureza na qual Deus nos sonhou”, afirmou Francisco.
“Doença da alma”
Contudo, ele reforçou que o segundo tipo de tristeza é uma “doença da alma”, acrescentando que “este vício nasce no coração do homem quando desaparece um desejo ou uma esperança”. Neste contexto, o Papa lembrou da passagem dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35), destacando que os dois deixaram Jerusalém “com o coração desiludido” e, a certa altura, confidenciam ao “desconhecido” o que estavam sentindo.
“A dinâmica da tristeza está ligada à vivência da perda. No coração do homem surgem esperanças que às vezes são frustradas. Pode ser o desejo de possuir algo que não pode ser obtido; mas também algo importante, como uma perda emocional. Quando isso acontece, é como se o coração do homem caísse num precipício, e os sentimentos que ele experimenta são desânimo, fraqueza de espírito, depressão, angústia”, declarou o Pontífice.
Provações
Diante disso, ele pontuou que todos passam por provações que geram tristeza, “pois a vida nos faz conceber sonhos que depois desmoronam”. Nesta situação, alguns confiam na esperança enquanto outros afundam na melancolia, permitindo que ela “gangrene os seus corações”.
“A tristeza é um prazer do não prazer”, disse o Santo Padre, reiterando que prolongar certos lutos amplia o vazio sentido. Da mesma forma, alimentar amarguras rancorosas não produz uma vida saudável (e muito menos cristã). “A tristeza pode transformar-se de uma emoção natural num estado de humor maligno. É um demônio sorrateiro, o da tristeza”, completou.
Por fim, Francisco convidou os fiéis a permanecerem atentos ao vício da tristeza e a recordarem sempre que Jesus traz a alegria da Ressurreição. “Não se esqueçam de que a tristeza pode ser uma coisa muito ruim que nos leva ao pessimismo, que nos leva a um egoísmo que dificilmente pode ser curado”, concluiu.
Fonte: Canção Nova