Nesta sexta-feira, 2, o Papa Francisco presidiu a celebração da Festa da Apresentação do Senhor na Basílica de São Pedro. Também foi comemorado o Dia Mundial da Vida Consagrada, instituído por São João Paulo II, com a presença de membros dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica que participaram da Missa.
Em sua homilia, o Pontífice concentrou-se nas figuras de Simeão e Ana, que estavam no templo quando o Menino Jesus foi apresentado (cf. Lc 2,22-40). Ele destacou que os dois anciãos permaneceram “pacientes na expectativa, vigilantes no espírito e perseverantes na oração”.
“O seu coração manteve-se desperto, como uma tocha sempre acesa. São de idade avançada, mas têm a juventude do coração; não se deixam desgastar pelos dias, porque, na expectativa, os seus olhos permanecem voltados para Deus”, expressou o Santo Padre.
Manter viva a espera do Senhor
Ele frisou que, mesmo com as dificuldades do caminho, Simeão e Ana não cederam ao derrotismo. Ao contemplar Jesus, reconheceram que o tempo se completou e a profecia se realizou. “Aquele que procuravam e por Quem suspiravam, o Messias das nações, chegou. Mantendo viva a expectativa do Senhor, tornam-se capazes de O acolher na novidade da sua vinda”, declarou Francisco.
Diante disso, ele enfatizou a importância da espera perseverante por Deus no caminho da fé. O Papa pontuou que, todos os dias, Deus visita, fala e revela-Se aos homens, e há de voltar no fim dos tempos. Por isso, o Senhor exorta todos a permanecer despertos e vigiar – “a pior coisa que nos pode acontecer é deixar-nos cair no ‘sono do espírito’: adormecer o coração, anestesiar a alma, arquivar a esperança nos cantos obscuros das desilusões e resignações”, afirmou.
Obstáculos na espera
O Pontífice então questionou os presentes sobre sua capacidade de viver a espera, citando dois obstáculos que podem atrapalhar este processo. Primeiro, falou sobre a negligência da vida interior, que acontece quando o hábito se sobrepõe ao entusiasmo e perde-se a perseverança no caminho espiritual, deixando as pessoas amargas.
Frente a esse problema, o Santo Padre sinalizou que é necessário recuperar a graça perdida, regressando, através de uma vida interior intensa, ao espírito de humildade jubilosa e de silenciosa gratidão. Para isso, indicou que o homem se alimente com a adoração, o trabalho rezado e feito de coração e a oração concreta.
O segundo obstáculo listado por Francisco foi a adaptação ao estilo do mundo, que acaba ocupando o lugar do Evangelho. Diante de uma sociedade cada vez mais acelerada, ele reconheceu que “esperar não é fácil, porque exige um comportamento de sadia passividade, a coragem de abrandar o passo, de não nos deixarmos dominar pelas atividades, de criar espaço dentro de nós para a ação de Deus”.
Abrir-se à novidade de Deus
Desta forma, alertou para que o espírito mundano não entre nas comunidades religiosas, na vida eclesial e no caminho de cada um. “A vida cristã e a missão apostólica precisam que a expectativa, amadurecida na oração e na fidelidade diária, nos liberte do mito da eficiência, da obsessão do lucro e, sobretudo, da pretensão de encerrar Deus nas nossas categorias, porque Ele vem sempre de modo imprevisível, em tempos que não são os nossos e sob forma diferente da que esperávamos”, declarou o Papa.
Citando a filósofa francesa Simone Weil, ele enfatizou que a salvação consiste em “desejar Deus e renunciar a tudo o mais” e exortou os presentes a aprender a passividade do Espírito Santo a fim de serem capazes de se abrir à novidade de Deus. “Acolhendo o Senhor, o passado abre-se ao futuro, o velho que sobrevive em nós abre-se ao novo que Ele gera”, apontou o Pontífice.
Por fim, o Santo Padre expressou que “a novidade de Deus apresenta-se como uma criança” e mais uma vez questionou os presentes se a têm acolhido e abraçado. “Se vivermos, como eles [Simeão e Ana], a expectativa salvaguardando a vida interior e permanecendo coerentes com o estilo do Evangelho, abraçaremos Jesus, luz e esperança da vida”, concluiu.
Fonte: Canção Nova