A preguiça foi o tema central do discurso do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 14. Diante dos fiéis reunidos na Sala Paulo VI, ele prosseguiu com o ciclo de reflexões sobre vícios e virtudes.
O Pontífice apontou, no início de sua fala, que a acídia – popularmente conhecida como preguiça – é mais um efeito do que uma causa. O nome “acídia” significa, em sua raiz grega, “falta de cuidado”, trata-se de um estado em que a pessoa fica ociosa, indolente e apática.
Esta é uma tentação perigosa, advertiu o Santo Padre, pontuando que a vítima da preguiça é como que esmagada pelo desejo da morte. Até a relação com Deus pode se tornar enfadonha, “e mesmo os atos mais santos, aqueles que no passado aqueceram o seu coração, agora lhe parecem completamente inúteis”.
Concentrar-se no “aqui e agora”
Francisco também definiu a preguiça como o “demônio do meio-dia”, pois desponta quando o cansaço está no auge e as horas a seguir parecem monótonas, impossíveis de se viver. Tais características lembram a depressão, sinalizou, pois para o preguiçoso a vida perde o sentido e cada batalha parece sem sentido.
“Se ainda na juventude nutrimos paixões, agora elas nos parecem ilógicas, sonhos que não nos fizeram felizes. Então nos deixamos levar e a distração, o não pensar, aparecem como a única saída: gostaríamos de ficar atordoados, de ter a mente completamente vazia… É um pouco como morrer antes da hora”, expressou o Papa.
Diante deste vício, mestres espirituais oferecem vários remédios. O Pontífice destaca como o mais importante a paciência da fé: frente ao desejo do homem de estar “em outro lugar”, é preciso ter coragem de concentrar-se no “aqui e agora”, na presença de Deus. Tal postura combate o demônio da acídia, que objetiva convencer suas vítimas de que tudo é em vão, que nada faz sentido e que não vale a pena preocupar-se com nada nem ninguém.
Pobreza da fé humana
O Santo Padre observou que a tentação da preguiça não poupou nem mesmo os santos, uma vez que em muitos diários há páginas que relatam momentos terríveis de noites escuras. Diante disso, enfatizou que a solução é aceitar a pobreza da própria fé, buscando um menor compromisso, com metas mais acessíveis, ao mesmo tempo que procura resistir e perseverar apoiando-se em Jesus.
“A fé, atormentada pela prova da acídia, não perde o seu valor. Com efeito, é a verdadeira fé, a fé humaníssima, que apesar de tudo, apesar das trevas que a cegam, ainda crê humildemente. É aquela fé que permanece no coração, como permanecem as brasas sob as cinzas. Ficam sempre ali. E, se alguém cair neste vício ou numa tentação de acídia, procure olhar para dentro e proteger as brasas da fé. E assim caminhamos em frente”, concluiu Francisco.
Fonte: Canção Nova