Com o objetivo de dar evidência à problemática dos vícios, foi instituído, no Brasil, o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo. Celebrada em 20 de fevereiro, a data visa à conscientização da população sobre os malefícios decorrentes do uso excessivo dessas substâncias, tanto para quem as consome como também para aqueles que convivem com usuários.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a dependência em drogas lícitas ou ilícitas é uma doença. O alcoolismo é classificado como uma doença crônica, com aspectos comportamentais e socioeconômicos. Segundo o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS), registrou mais de 400 mil atendimentos a pessoas com transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de drogas e álcool em 2021.
A psicóloga Ana Claudia Giovanelli é palestrante voluntária na Fazenda da Esperança, comunidade terapêutica que atua na recuperação de pessoas com vícios. Ela destaca que todo vício tem por trás uma dor emocional. “A pessoa com o vício tende a mascarar esta dor para que ela não venha a ser superada e sentida, podendo até agravar o seu quadro psicológico”, comenta.
A profissional alerta para as consequências do vício: desajuste emocional. desajuste familiar, conflitos, dor emocional intensa, baixa autoestima, dependência emocional, desemprego, entre outros. Neste contexto, Ana Claudia frisa a importância de “procurar grupos de apoio e conscientização, como os que estão ligados à Fazenda da Esperança, grupos temáticos e em paróquias para se inserir em ambientes que trabalham o autoconhecimento com a espiritualidade”, concluiu.
Exemplo de superação
Seguindo este caminho, muitas pessoas conseguiram restabelecer suas vidas longe do vício das drogas e do alcoolismo. Rômulo Braga Neiva foi dependente químico por 15 anos. Ele foi acolhido na Fazenda da Esperança, onde viveu um longo processo de recuperação da dependência química, e hoje atua como um motivador através de palestras.
Contudo, a decisão de iniciar a sua recuperação não foi algo fácil. “Ingressei na Fazenda da Esperança de Pacatuba (CE) em 28 de janeiro de 2006. Participei de um processo de triagem e fiz uma preparação para ir. Foi realmente difícil, uma decisão que me custou muito desapego, mas encontrei o verdadeiro sentido da vida”, partilha Rômulo.
Ele se refere ao período na Fazenda da Esperança como uma experiência com a Palavra de Deus vivenciada concretamente todos os dias. “Trabalho, convivência e espiritualidade me fizeram ter um encontro pessoal com Jesus no outro, a cura das feridas, dos traumas e uma transformação de vida radical, um homem velho em um homem novo, não só deixei as drogas, mas pude encontrar um sentido de vida e me doar ao outro”, expressa.
“Uma verdadeira prisão”
Atualmente, Rômulo enfatiza a importância da divulgação dos perigos do vício para as pessoas. “A prevenção é o melhor remédio”, afirma, acrescentando que “investir em palestras educativas de prevenção ao uso de drogas é fundamental, uma grande conscientização para que jovens e adultos façam escolhas inteligentes de não experimentarem o uso de entorpecentes e álcool, pois efeitos podem ser fatais”.
Ele alerta que entrar no “mundo das drogas” é realmente um desastre, que leva a um sofrimento sem fim e a uma vida de desilusão, uma vez que a dependência química consiste em uma verdadeira prisão, que é escolhida pelo próprio indivíduo. Desta forma, ele sublinha que romper com as drogas trata-se de um compromisso diário.
Há 18 anos nesta luta, Rômulo destaca: “permaneço na luta como consagrado e voluntário externo da Fazenda da Esperança ajudando famílias e pessoas com problemas da dependência química para ingressarem na Fazenda e também através do Grupo Esperança Viva. Hoje, sou feliz por fazer parte dessa obra que resgatou minha vida e da minha família”, conclui.
Fonte: Canção Nova