Somos diariamente interpelados a pensar em nosso fim último: a morte. Desde que nascemos deparamos com a transitoriedade de todas as coisas e vamos observando que este mundo está sujeito à lei do tempo e nada aqui é eterno. Seja as estações, o ano civil, o dia… vamos aprendendo que tudo começa e termina. À medida que crescemos começamos a compreender que nós também passaremos.
É justamente neste momento que começam os questionamentos, as crises existenciais: quem eu sou? De onde vim? Existe vida mesmo após a morte?
A assustadora certeza da morte é uma verdade absoluta que assombra aqueles que não tem fé. Para o Cristão a morte adquire um novo significado com Cristo, partindo de sua promessa de vida eterna: Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.” Jo 11, 25
Olhando para o céu temos a esperança da bem-aventurada vida com Deus, eternamente unidos ao Criador. Mas o catecismo nos afirma uma realidade impactante: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu” CIC 1030
Por mais que morramos na amizade com Deus, quer dizer, sem nenhum pecado mortal, é muito difícil para qualquer um, por mais que ame a Deus, completar seus anos aqui na terra sem nenhuma mancha. Acontece que no céu só entram os puros… então, como fica esta alma?
Deus manifesta sua misericórdia através da justiça, nos concedendo a graça de depois desta vida, tendo morrido na amizade com Ele, possamos completar o pagamento da dívida de nossos pecados. As almas que estão no purgatório são benditas porque tem a certeza da salvação, embora no céu ainda não possam entrar porque não estão completamente puras. Sendo assim, nós da Igreja Militante oramos pelas almas do purgatório (Igreja Padecente) não para que sejam salvas, mas para que sejam expiadas suas penas e possam logo adentrar no céu.
É preciso ficar bem claro que o tempo de se salvar é aqui, nesta vida. As almas que morrem na amizade com Deus e vão para o purgatório já estão salvas, mas vão passar pelo fogo purificador. Quem não morre na amizade com Deus, infelizmente vai para o Inferno, e de lá não pode sair mais.
Mas, se Cristo morreu na Cruz e pagou todos os pecados, por que existem então o purgatório? Jesus nos salvou, em um sacrifício cruento, de uma vez por todas, da cadeia que nos prendia a morte. Jesus extirpou nossa CULPA que nos separava de Deus. Mas, para aqueles que foram por Deus perdoados e vivem na sua amizade, ainda resta a PENA devida pelos seus pecados.
A salvação que Cristo nos dá não é um cartão de crédito ilimitado para gastar todo em pecados. Somos responsáveis pelos nossos atos e dele nos tornamos devedores – “O salário do pecado é a morte” Rm 6, 23. Pelo sacramento da reconciliação somos salvos da CULPA que nos condenava, mas é preciso muita penitência para nos purificar de nossas impurezas e pagar nossa PENA devida à Justiça Divina. E só entrará na presença de Deus, aquele que arrependido e reconciliado pelo sacrifício de Jesus na cruz, esteja com as vestes da justiça para entrar no banquete do Reino. Te convido fortemente a ler a passagem de Mt 22, 1-14 e perceber que Deus chama a todos mas é preciso estar preparado com as vestes certas.
Por fim, as almas que morreram na amizade com Deus e não estão puras o suficiente para o céu passam pelo fogo purificador do purgatório e logo estarão na amizade com Deus e são almas benditas pela esperança que lhes é reservada. E nós, Igreja Militante, seguimos na luta contra o pecado e o mal, para juntos no Céu gozarmos da presença insuperável de Deus.