Desafios na internet: motivações e perigos

Ser desafiado é algo que para muitos assusta, para outros, provoca. Os jovens em particular tem dificuldade em lidar com as emoções quando sentem-se desafiados. É um tempo em que se acha ser capaz de tudo e que dificilmente rejeita um desafio. Isto é bom, uma força destas bem direcionada pode mudar o mundo! A questão é quando estes desafios afundam os jovens no perigo, na depressão, na tolice ou mesmo levam ao suicídio.

Na escola, no bairro, em casa: qual criança, adolescente ou jovem nunca topou um desafio? Pular rampa de patins, pular o muro, subir em uma árvore, escalar o morro, até mesmo bater campainha e sair correndo. Acontece que para a sociedade da internet o bairro mudou: hoje o mundo todo é um pequeno gueto! Um desafio que comece na Irlanda ou em qualquer outro país logo se espalha pelo mundo todo através das redes sociais. Para entender melhor, pense no recente caso da copa do mundo. Neymar e suas constantes quedas e “cenas” em campo logo geraram um desafio: #neymarChallenge – Challenge: desafio, em Inglês. O desafio consistiu em simular, quedas imitando o Neymar em campo. Desafios como o #neymarChallenge podem até ser engraçados, embora muitas vezes tornam um aborrecimento terrível para quem é alvo.

Teve até desafio tentando promover causas sociais como o Ice Bucket Challenge (Desafio do Balde de Gelo) que consistiu em jogar um balde de água gelada/com gelo sobre a cabeça de alguém para promover a conscientização sobre a doença esclerose lateral amiotrófica (ALS) e incentivar as doações para pesquisa.

O problema é quando este desafio vem cheio de mitos, más intenções e até crimes. Vale lembrar aqui do desafio da Baleia Azul (https://coracaofiel.com.br/podcast/jogo-da-baleia-azul-e-cultura-suicidio-fique-conectado-15/), que consistia em 50 desafios, sendo que o último era o suicídio. O inventor deste jogo, Philipp Budeikin, que está aguardando julgamento, confessou ter incitado o suicídio de 16 garotas e afirmou que suas vítimas eram “resíduo biológico”. Este tipo de sadismo na internet toma proporções inimagináveis!

Mais:

:: Ouça o programa falando sobre o desafio da Baleia Azul

Quais as motivações?

Engana-se quem pensa que os desafios são novidades da era da internet. Faça memória de sua infância, adolescência e juventude: quantas vezes você topou um desafio? Quase sempre os desafios começam e tem seu impulso no pensamento dos “5 minutos de fama”. O intuito de participar é o provar que é capaz, por isto se chama desafio. A pessoa sente-se desafiada e quer provar que é capaz. Isto atinge de forma muito particular os jovens, que vivem este período de transição para a vida adulta, quase sempre querendo provar que é capaz e encontrar seu espaço no mundo. A diferença é que na internet isto toma proporções globais!

Quais os perigos?

O grande perigo concentra-se nos jovens. Este período de transição e muita incerteza precisa de desafios, mas que os impulsione para o alto, para frente, para o céu! Muitos desafios na verdade tem exposto jovens a perigos desnecessários como pendurar-se em locais altos, o Planking Challenge, onde muita gente machucou-se. Recentemente o Kiki Challenge tem incentivado de forma perigosa os jovens a pularem do carro em movimento! São todas formas estranhamente perigosas e desnecessárias de mostrar-se capaz, de fazer-se parecer bem para os amigos. Fora os perigos físicos, tem aqueles que trabalham o emocional, como a Baleia Azul, que levaram muitos jovens ao suicídio.

Como discernir?

O primeiro passo é perguntar-se: o que me motiva a participar de um desafio? O que me leva a fazer algo que outra pessoa, que muitas vezes nem conheço, me propõe participar? Isto pode ajudar a entender se são carências, medos ou raiva que estejam falando alto. Outro passo é questionar: o que ganho com isso? Me faz bem? Vale a pena me expor ao perigo? O resultado disso me tornará uma pessoa melhor? Penso que estas duas perguntas ajudarão muito no discernimento: o que me motiva e o que ganho com isso.

Aos pais

Brigas severas, proibições e agressões verbais não são o caminho para evitar este tipo de situação. O diálogo é sempre a chave para o discernimento! Se seu filho participou de um desafio que você considere perigoso, converse com ele, tente entender o que o motivou a participar. Talvez a participação neste desafio foi a forma de chamar sua atenção, pai e mãe, para suas carências e dificuldades. Se você vive o caminho do diálogo, acompanha e é presente na vida de seu filho, não há o que temer: ele sobreviverá, com a graça de Deus, na Internet.

Paulo Franco Machado

Fiel Oblato da Comunidade Coração Fiel

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