Dom Messias divulga Nota Oficial sobre a violência contra a Igreja nas Redes Sociais

Em Nota Oficial publicada no início da noite desta sexta-feira (2) o bispo diocesano de Uruaçu e presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal), Dom Messias dos Reis Silveira, se posicionou sobre as acusações contra a Igreja que têm surgido nas Redes Sociais Digitais, sobretudo tachando a Igreja de comunista e contra os princípios cristãos. No texto, o bispo explica qual o sentido da unidade da Igreja e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, como organismos de comunhão. Isso, porque a maioria desses ataques partem de pessoas ditas católicas. Ele explica também como se dá o direcionamento dos valores arrecadados na Campanha da Fraternidade. Ao povo de Deus na Diocese de Uruaçu, Dom Messias dirige sua Mensagem de Pastor: “Digo aos meus diocesanos que podem fazer tranquilamente, sem peso de consciência suas doações para a Campanha da Fraternidade. Elas se reverterão em benefícios para a sociedade”.

Leia a Nota na íntegra, abaixo

A CNBB a partir de dentro

Esta minha mensagem é dirigida especialmente aos meus diocesanos, pessoas que a Igreja confiou aos meus cuidados pastorais. Sou responsável por conservar a unidade desta Igreja que aqui, no norte goiano, vem fazendo uma bonita história de fé e doação.

Tem sido muito comum aparecerem desabafos nas Redes Sociais. Algumas pessoas se expõem com tamanha facilidade e revelam seus sentimentos. Penso que nos ambientes digitais as pessoas têm mais coragem de dizer o que pensam do que no contato pessoal. Num encontro pessoal, em geral se compromete mais. O que notamos nos últimos tempos é que no espaço aberto do mundo digital muita gente revela o que já vinha trazendo dentro de si. É preciso ter humildade para aceitar que existem muitas confusões dentro de nós.

Desde cedo aprendi a amar e respeitar a Igreja. Tomei consciência que também sou Igreja. Com o tempo descobri que Ela tem organismos de comunhão, como por exemplo os Concílios, Sínodos, Conselhos, Conferências Episcopais e muitos outros.

O que é a CNBB?

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é um organismo de comunhão do episcopado brasileiro, igual ao modelo presente em todos os países do mundo. São aprovadas pela Igreja. Todo bispo em exercício do seu ministério é membro da Conferência. Ela não é sindicato e nem organização Política. É um organismo de comunhão e fé. Os bispos rezam, evangelizam, fazem caridade e trabalham por uma sociedade justa.

Quando se fala em CNBB, se fala no conjunto de todos os bispos. Neste organismo existem departamentos como por exemplo os Regionais, Comissões Pastorais e outros. Vale recordar que a CNBB elabora documentos para ajudar a Igreja e alguns deles dependem da aprovação da Santa Sé.

A CNBB nunca interfere numa Diocese, e nem obriga a aplicação de um documento seu. Mas, como esses documentos são elaborados pelos bispos, eles mesmos se encarregam de fazer as aplicações práticas. Esses documentos são muito esperados pelas pessoas que desejam caminhar em unidade. O bispo diocesano é fator de unidade na Diocese.

O Papa apoia a CNBB?

Sim! A Presidência da CNBB se apresenta todos os anos ao Papa para falar sobre suas atividades e receber as orientações do Romano Pontífice, e essas informações são passadas aos outros Bispos durante a Assembleia, anualmente. É muito bonita a unidade da Igreja no meio da diversidade. Os bispos organizados por Regionais da CNBB visitam o Papa a cada cinco, ou oito anos, segundo o cronograma definido pela Santa Sé, para apresentarem suas Igrejas Diocesanas, ouvirem as orientações para o Regional e expressarem a unidade com o Sucessor de Pedro.

Como a CNBB se expressa publicamente?

São quatro os momentos em que a CNBB se pronuncia. A maior instância é a Assembleia Geral que ocorre todos os anos, na segunda e terceira semana da Páscoa. Notas e Documentos ali elaborados recebem a aprovação e são assumidos por todo episcopado. Também a Assembleia pode delegar documentos para serem aprovados pelo Conselho Permanente, o qual é composto pela Presidência Nacional, pelos Presidentes dos Regionais e Pelos Presidentes das Comissões Pastorais. Esse Conselho se reúne três vezes ao ano e também elabora notas e faz pronunciamentos. Também pode pronunciar o CONSEP (Conselho Episcopal Pastoral) que é composto pela Presidência e pelos Presidentes das Comissões Pastorais. Finalmente, em caso de emergência, a Presidência pode fazer pronunciamentos e notas.
Trata-se portanto de uma organização bem estruturada a serviço da Igreja. Além do mais, cada bispo pode e deve se pronunciar aos seus diocesanos sobre alguns assuntos, dando as orientações para sua Igreja Particular.

Nem sempre uma ação, ou voz isolada de algum membro, ou organismo da CNBB pode ser confundido como o todo.

Não podemos negar que existem sacerdotes e bispos que são simpáticos à determinada linha política, mas a Igreja é apartidária. Dizer que a CNBB é comunista é colocar todos os bispos na mesma situação. O Profetismo, não é Comunismo. Ele é bíblico. Aliás muita gente tem sido taxada de comunista devido a atitudes que são evangélicas e não tem nada a ver com Comunismo. Penso que se Jesus, hoje, estivesse presente fisicamente correria o risco de ser taxado de comunista. Eu particularmente busco me nortear pelos valores evangélicos e não por um sistema econômico. O meu ministério exige que eu seja sacerdote, profeta e pastor, participando assim da tríplice missão de Cristo.

Estamos num momento em que é preciso ter humildade. As agressões tem aumentado. A violência digital gera divisões e não é sinal de humildade. Unidade é uma marca dos discípulos de Jesus.

Devido a incompreensões, se divulga nas Redes Sociais que os católicos não façam suas doações no dia da Coleta da Solidariedade, no Domingo de Ramos. Pois dizem que foi feito mal uso na aplicação dos recursos da Coleta realizada em 2017. Não tenho muito a dizer além da nota do Conselho Permanente, do qual sou membro. A nota esclarece que “a CNBB não financiou projeto algum de ONGs abortistas e nem de grupos terroristas, com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS)”. O projeto financiado que tem gerado polêmica é o do V Encontro dos Signatários da Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as organizações da Sociedade Civil, realizado em São Paulo, no mês de outubro de 2017. Essa Plataforma é formada por mais de cem instituições não governamentais e dentre essas aparece a ABONG que foi o nome indicado, pela Plataforma, para assinar a parceria com o Fundo Nacional de Solidariedade. O valor doado não foi para a ABONG, mas para a Plataforma composta de mais de cem entidades. Creio que houve um descuido de verificar se a entidade que assinou seguia os princípios da Igreja. Mas, é certo que a doação não foi para ela e, esse erro pode ser corrigido e não desmerece o valor e importância da CNBB para o Brasil.

A Coleta da Campanha da Fraternidade é dividida entre as Dioceses e o Fundo Nacional de Solidariedade. A maior parte, 60 % fica na Diocese para financiar seus projetos sociais e 40 % vai para o FNS, mas mesmo recebendo uma porcentagem menor, o FNS ajuda as Dioceses. A Diocese de Uruaçu já recebeu recursos deste fundo, por duas vezes.

Digo aos meus diocesanos que podem fazer tranquilamente, sem peso de consciência suas doações para a Campanha da Fraternidade. Elas se reverterão em benefícios para a sociedade. Posso garantir que o olhar está voltado agora para a situação gritante de sofrimento dos venezuelanos refugiados, em Roraima. A Igreja pode e vai ajudá-los.
Na Diocese de Uruaçu vamos continuar sendo Igreja que vive em comunhão. Essa nossa Igreja é bonita, tem uma História solidificada e creio que este amado povo não vai se afastar e deixar de ser Igreja em comunhão.
Deus a todos abençoe.

Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Diocesano de Uruaçu
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB

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