A Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã” (LG,11).“Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo,nossa Páscoa”(Cat 1324). A partir dessa definição podemos contemplar o que a Eucaristia significa para nós cristãos. Quão grande herança Jesus nos deixou: seu Corpo, seu Sangue que se unem de forma tão íntima aos nossos corpos, às nossas almas, às nossas vidas, às nossas histórias… à nossa história humana amparada sempre pela graça divina.
Deus se dar no seu Corpo e no seu Sangue inteiramente e intimamente ao homem e o acolhe por inteiro. E, quem é este homem que é acolhido na Eucaristia? É o homem que tem sede de Deus, e que ao mesmo tempo é ferido, peca, oscila, duvida, tem medo… são os Tomés, os Pedros, os Saulos…
Deus, na Eucaristia vem se dar a esse homem, aos doentes, aos desesperados, aos depressivos, também aos que têm sede de verdade, de vida em abundância, de justiça e de paz… Então, para melhor penetrar nesse desejo de Deus de permanecer entre os homens, nós podemos rever Lucas 22,19 onde Jesus toma um pão, dá graças, o parte e o dá aos seus discípulos dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em minha memória”. Depois da ceia faz o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que por vós é derramado.” O que foi então a última ceia? Foi um momento de ação de graças que Jesus desejou ardentemente… (cf. Lc 22,15),
A palavra Eucharistein lembra as bênçãos judaicas que proclamam, sobretudo durante a refeição, as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação. Quanto às palavras da consagração, quando Ele acrescenta que é dado por vós, quer dizer: que já, desde agora, sacrifica-se por vós. A ação de graças nos faz mergulhar no profundo sentido amoroso do sacrifício. E, e o sacrifício nos leva à percepção do realismo da ação de graças, que é fruto de sentimentos profundos e verdadeiros, de um amor levado às últimas consequências.
Podemos, então, unir agora a instituição da Eucaristia em Lc. 22,19 a cada Celebração Eucarística que juntos com o sacerdote e com os irmãos ali presentes celebramos. Nesses momentos revivemos o mesmo sacrifício, a mesma ação de graças. O mesmo Jesus, ardendo de amor não só nos, dá seu Corpo e seu Sangue no pão e no vinho, como os deu aos apóstolos, mas também se coloca em nossas mãos assim como esteve nas mãos dos homens antes e durante a sua paixão.Quando vamos comungar, principalmente se recebemos a Eucaristia em nossas mãos,podemos pensar, nesse momento, nesse Jesus que esteve entregue nas mãos dos homens e que, nesse momento, se entrega a mim e a você…
Na Eucaristia, Deus quer se revelar a mim e a você. Precisamos estar conscientes de que na missa somos preparados desde o acolhimento do Presidente da Celebração até o cântico final para acolhermos o Corpo e do Sangue de Cristo.
O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que “A liturgia da eucaristia desenrola-se segundo uma estrutura fundamental que se conservou ao longo dos séculos até os nossos dias. Desdobra-se em dois grandes momentos que formam uma unidade básica:
– a convocação, a Liturgia da Palavra com as leituras, a homilia e a oração universal;
– a Liturgia Eucarística, com a apresentação do pão e do vinho, a ação de graças consecratória e a comunhão.”
É essa a sequência da Ceia Pascal de Jesus Ressuscitado com seus discípulos: caminhando com eles esclarece-lhes as escrituras, e depois, colocando-se à mesa com eles, “Tomou o pão, abençoou-o, depois partiu-o e distribui-o a eles.” (Lc 24,13-35.).
Para que possamos entender melhor como Deus deseja permanecer entre nós, podemos continuar citando o Catecismo que diz: “(…) Cristo está presente de múltiplas maneiras em sua Igreja: em sua Palavra, na oração da Igreja, nos pobres, nos doentes, nos presos, nos sacramentos, na pessoa do ministro. Mas sobretudo está presente sob as espécies eucarísticas… No Santíssimo Sacramento da Eucaristia estão ‘contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo’. ‘Esta presença chama-se ‘real’ não por exclusão, como se as outras não fossem ‘reais’, mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se torna presente completo.”(Cat 1374). Acerca dessa conversão Santo Ambrósio nos interpela a “ estarmos bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a bênção consagrou, e que a força da bênção supera a da natureza, pois pela bênção a própria natureza é mudada. Por acaso a palavra de Cristo, que conseguiu fazer do nada o que não existia, não poderia mudar as coisas existentes naquilo que ainda não eram? Pois não é menos dar às coisas a sua natureza primeira do que mudar a natureza delas” (Cat 1375).
Deus deseja permanecer conosco, em nós e entre nós! Que nosso desejo de também permanecermos com Ele se concretize a cada sincera disposição de juntos celebrarmos o Banquete Eucarístico por Ele para nós preparado.
Fonte: http://www.comshalom.org/