Francisco quer nos lembrar que não vivemos em um país ou em um continente isolado, mas em um mundo onde os problemas estão interligados. Obrigando-nos, entre aspas, a olhar para o “sul”, o Papa nos força a olhar para as questões sociais, políticas e econômicas que devem ser abordadas, se quisermos enfrentar o desafio do terrorismo e da violência fundamentalista”. Dessa maneira, Davide Maggiore, redator da agência MISNA, comenta a coincidência entre o alarme terrorismo que irrompeu em toda a Europa após os atentados em Paris, e o início da 11ª Viagem Apostólica de Francisco, que se realiza entre os dias 25 e 30 de novembro ao Quênia, Uganda e República Centro-Africana.
O convite ao respeito mútuo no Quênia
“O convite aos fiéis de todas as religiões e às pessoas de boa vontade para promover a compreensão e o respeito mútuo, lançado pelo Papa em uma vídeomensagem na véspera da partida, assume uma importância particular no Quênia”, explica Maggiore. “Aqui há uma grande minoria somaliana que, nos últimos anos, demonstrou poder ter sido “infiltrada’ por militantes jihadistas de Al-Shabaab, ativos na vizinha Somália. Assim, o convite de Francisco pode ser também um apelo a olhar com olhos justos para uma minoria étnica composta de qualquer maneira por cidadãos quenianos que exigem respeito e desejam ser capazes de viver ao lado dos seus concidadãos. “Especialmente depois do massacre terrorista no Campus de Garissa, em 2 de abril último, o Quênia se redescobriu vulnerável, mas também redescobriu o risco das divisões no seu interior”, recorda ainda Maggiore. Então, a imprensa local destacou a necessidade de um país unido, para lidar com a ameaça terrorista. Uma mensagem que certamente o Papa irá reafirmar.
Prossiga a reconciliação em Uganda
“No que diz respeito a Uganda – prossegue o redator de MISNA – o convite do Papa à compreensão e ao respeito pode ser lido como uma advertência para continuar o processo de reconciliação que está em andamento após as guerras civis, os conflitos que opuseram o exército regular e os vários grupos rebeldes no norte do país, entre os anos 80 e início dos anos 2000. Os confrontos que têm uma matriz profunda e ainda devem ser metabolizados pela sociedade”.
Na Rep. Centro-Africana também os muçulmanos esperam uma mensagem de paz
Na República Centro-Africana, terceira etapa da visita papal está em andamento há três anos uma sangrenta guerra civil que afunda as suas raízes na história do país. Desequilíbrios na gestão do poder entre as populações do norte e do sul. Estas últimas, de fato, até a eclosão do conflito interno, tinham um pouco o monopólio do poder. É uma guerra que nasce da luta pelo controle dos recursos, diamantes, ouro e urânio, dos quais o território é rico. “O Papa vai encontrar, infelizmente, uma situação em que o conflito se inflamou novamente”, acrescenta o jornalista. Reacenderam-se as tensões que puseram também em risco a organização das próximas eleições no final de dezembro, que devem concluir o processo de transição. Por esta razão a Rep. Centro-Africana espera com particular esperança a viagem do Papa: não apenas os cristãos, mas também os muçulmanos centro-africanos esperam de Francisco uma mensagem de paz e reconciliação.
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