Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco e companheiros mártires | Segunda-feira

Primeira Leitura (Gl 1,6-12)

Primeira Leitura (Gl 1,6-12)

Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas.

Irmãos, 6admiro-me de terdes abandonado tão depressa aquele que vos chamou, na graça de Cristo, e de terdes passado para um outro evangelho. 7Não que haja outro evangelho, mas algumas pessoas vos estão perturbando e querendo mudar o evangelho de Cristo. 8Pois bem, mesmo que nós ou um anjo vindo do céu vos pregasse um evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja excomungado. 9Como já dissemos e agora repito: Se alguém vos pregar um evangelho diferente daquele que recebestes, seja excomungado. 10Será que estou buscando a aprovação dos homens ou a aprovação de Deus? Ou estou procurando agradar aos homens? Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens, não seria servo de Cristo. 11Irmãos, asseguro-vos que o evangelho pregado por mim não é conforme critérios humanos. 12Com efeito, não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

 

Responsório Sl 110(111),1-2.7-8.9 e 10c (R. 5b)

Responsório Sl 110(111),1-2.7-8.9 e 10c (R. 5b)

— O Senhor se lembra sempre da Aliança.

— O Senhor se lembra sempre da Aliança.

— Eu agradeço a Deus de todo o coração junto com todos os seus justos reunidos! Que grandiosas são as obras do Senhor, elas merecem todo o amor e admiração!

— Suas obras são verdade e são justiça, seus preceitos, todos eles são estáveis, confirmados para sempre e pelos séculos, realizados na verdade e retidão.

— Enviou libertação para o seu povo, confirmou sua Aliança para sempre. Seu nome é santo e é digno de respeito. Permaneça eternamente o seu louvor.

Evangelho (Lc 10,25-37)

Evangelho (Lc 10,25-37)

— Aleluia, aleluia, aleluia.

— Eu vos dou novo preceito: que uns aos outros vos ameis, como eu vos tenho amado. (Jo 13,34)

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 25um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês?” 27Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e a teu próximo como a ti mesmo!” 28Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. 29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se embora deixando-o quase morto. 31Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. 32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. 33Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais”. E Jesus perguntou: 36“Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

 

Protomártires do Brasil

Dentro da conturbada invasão dos holandeses no nordeste do Brasil, encontram-se os dois martírios coletivos: o de Cunhaú e o de Uruaçu. Esses martírios aconteceram no ano de 1645, sendo que, padre André de Soveral e Domingos de Carvalho foram mártires em Cunhaú; e padre Ambrósio Francisco Ferro e Mateus Moreira em Uruaçu; dentre outros. Essa data tem grande importância por serem os primeiros mártires reconhecidos pela Igreja no território Brasileiro. O martírio é sempre recordado com amor e honra, pois é sinal de uma fé que vai até o extremo de dar a vida por Jesus.

No Engenho de Cunhaú, principal polo econômico da Capitania do Rio Grande (atual estado do Rio Grande do Norte), existia uma pequena e fervorosa comunidade composta por 70 pessoas sob os cuidados do padre André de Soveral. No dia 15 de julho, chegou em Cunhaú Jacó Rabe, trazendo consigo seus liderados, os ferozes tapuias, e, além deles, alguns potiguares com o chefe Jerera e soldados holandeses. Jacó Rabe era conhecido por seus saques e desmandos feitos com a conivência dos holandeses, deixando um rastro de destruição por onde passava. Dizendo-se em missão oficial pelo Supremo Conselho Holandês do Recife, convoca a população para ouvir as ordens do Conselho, após a missa dominical no dia seguinte (16 de Julho). Durante a Santa Missa, após a elevação da hóstia e do cálice, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da igreja e se deu início à terrível carnificina: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, eles foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e dos potiguares.

A notícia do massacre de Cunhaú espalhou-se por todo o Rio Grande e capitanias vizinhas, mesmo suspeitando dessa conivência do governo holandês, alguns moradores influentes pediram asilo ao comandante da Fortaleza dos Reis Magos. Assim, foram recebidos como hóspedes o vigário padre Ambrósio Francisco Ferro, Antônio Vilela, o Moço, Francisco de Bastos, Diogo Pereira e José do Porto. Os outros moradores, a grande maioria não pôde ficar no Forte, então, assumiu a sua própria defesa, construiu uma fortificação na pequena cidade de Potengi, a 25 km de Fortaleza. Enquanto isso, Jacó Rabe prosseguia com seus crimes. Após passar por várias localidades do Rio Grande e da Paraíba, Rabe foi então à Potengi e encontrou a heroica resistência armada dos fortificados. Como sabiam que ele mandara matar os inocentes de Cunhaú, resistiram mais que puderam, por 16 dias, até que chegaram duas peças de artilharia vindas da Fortaleza dos Reis Magos. Não tinham como enfrentá-las; depuseram as armas e entregaram-se nas mãos de Deus.

Cinco reféns foram levados à Fortaleza: Estêvão Machado de Miranda, Francisco Mendes Pereira, Vicente de Souza Pereira, João da Silveira e Simão Correia. Desse modo, os moradores do Rio Grande ficaram em dois grupos: 12 na Fortaleza e o restante sob custódia em Potengi. No dia 2 de outubro chegaram ordens de Recife mandando matar todos os moradores, o que foi feito no dia seguinte, 3 de outubro. Os holandeses decidiram eliminar primeiro os 12 da Fortaleza, por serem pessoas influentes, servindo de exemplo: o vigário, um escabino, um rico proprietário. Foram embarcados e levados rio acima para o porto de Uruaçu. Lá o chefe indígena potiguar, Antônio Paraopaba, e um pelotão armado de duzentos índios seus comandados esperavam por eles. Repetiram-se, então, as piores atrocidades e barbáries, que os próprios cronistas da época sentiam pejo em contá-las, porque atentavam às leis da moral e modéstia.

Um deles, Mateus Moreira, estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração das costas, mas ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. De acordo com os relatos históricos, os invasores holandeses ofereceram aos fiéis católicos a opção de conversão ao calvinismo, mas eles escolheram o martírio. Foram dezenas de mortos nos dois episódios, mas apenas 30 tiveram o processo de beatificação aberto em maio de 1988.

A 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa João Paulo II beatificou os 30 protomártires brasileiros, sendo 2 sacerdotes e 28 leigos beatificados. No dia 15 de outubro de 2017, ocorreu a canonização dos primeiros mártires do Brasil. Esse processo canônico ocorreu por meio do decreto papal chamado de canonização equipolente, que é marcada por três requisitos: a prova da antiguidade e constância do culto ao candidato a santo, o atestado histórico de sua fé católica e de suas virtudes, e a fama de milagres intermediados pelo candidato.

Na cerimônia, o papa Francisco ressaltou alguns aspectos: “Os Santos canonizados hoje, sobretudo os numerosos Mártires, indicam-nos esta estrada. Eles não disseram “sim” ao amor com palavras e por um certo tempo, mas com a vida e até ao fim. O seu hábito diário foi o amor de Jesus, aquele amor louco que nos amou até ao fim, que deixou o seu perdão e as suas vestes a quem O crucificava. Também nós recebemos no Batismo a veste branca, o vestido nupcial para Deus” (Trecho da homilia da celebração).

Protomártires do Brasil, rogai por nós!

Fonte: Canção Nova