Certa vez perguntaram ao Pe. José Antonio: “Qual foi a criatura mais sublime criada por Deus: A Virgem ou Lúcifer?”. A resposta é ao mesmo tempo uma súmula de teologia e um estímulo para a devoção a Mariana.
Antes de qualquer coisa vamos precisar os termos. Nesta questão consideraremos que Lúcifer (que significa Estrela da manhã) é o nome do Diabo antes de ser precipitado do céu. Faço este esclarecimento de termos porque ainda que Lúcifer seja considerado por quase todos os teólogos como um sinônimo de Satanás, segundo alguns (teólogos) é um demônio diferente de Satanás. Também consideramos que seja sabido de todos que Lúcifer era o anjo de mais alta natureza criada por Deus. Feitos estes esclarecimentos, voltemos à pergunta inicial.
É preciso dizer que a natureza mais sublime criada por Deus foi a de Lúcifer. A Virgem se santificou dia após dia, com esforço. Ela, com seu sacrifício e suas obras – e com a Graça de Deus – conseguiu ser a Criatura mais elevada (mais sublime). Porém sua sublimidade não foi um ato criador de Deus, mas sim um ato de santificação . Enquanto a mais alta natureza que Deus criou, foi a mais alta das criaturas angélicas. Deus criou Lúcifer magnífico em sua natureza, e ele se corrompeu. (Cf. Isaias 14,12-15) Deus criou Maria humilde em sua natureza, inferior aos anjos, mera mulher, e ela se santificou com auxílio da Graça de Deus. Como se pode ver, há um grande paralelismo entre ambas as figuras, mas é um paralelismo inverso:
– um é a criatura mais perfeita por natureza, a outra por Graça,
– um se corrompe, outra se santifica,
– um quer ser rei e não servir, e ao final não é nada
– ela quer ser nada e servir, e ao final é Rainha!
Além disso, até mesmo nos nomes há outro paralelo entre a Estrela da Manhã Angélica (Lúcifer) e a Estrela da Manhã da Redenção (Maria).
A primeira estrela caiu do firmamento angélico, a segunda estrela foi elevada.
A primeira estrela que era espírito caiu na terra, a segunda estrela – que era corporal – foi assunta aos céus!
Lúcifer não quis aceitar o Filho de Deus feito homem, a Virgem não apenas O aceitou como também O acolheu em seu seio.
Lúcifer era um ser espiritual que finalmente se fez pior do que um animal (sem deixar de ser espiritual), Ela (Maria) era um ser material que finalmente se fez superior aos anjos (sem deixar de ser material).
Lúcifer se ‘animalizou’, Maria se espiritualizou.
Portanto há apenas uma única estrela da manhã que é a Virgem. Além do fato de que a primeira estrela caiu, a segunda estrela da manhã brilhou inclusive com a luz da Graça muito mais bela e intensa que a primeira estrela, que brilhou apenas com a luz da sua natureza.
Honremos e amemos a Santíssima Mãe do Redentor. Mãe da Igreja e Serva fiel do Altíssimo.
Totus tuus ego sum, et omnia mea tua sunt.
Pe. Delton Filho
(tradução e adaptação do livro do Pe. Fortea, J. A. “Summa domoniaca”, p.149)