Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu no início da noite deste domingo os ritos de Corpus Domini, de acordo com o calendário litúrgico da Igreja italiana. Às 19h, hora local, celebrou a Santa Missa no adro da Basílica de São João de Latrão. Em seguida, na presença de uma grande multidão de fiéis, houve a Procissão Eucarística que, percorrendo a Via Merulana, chegou à Basílica de Santa Maria Maior. Na conclusão a Benção Eucarística.
Na sua homilia, durante a Santa Missa, o Papa Francisco recordou que a Eucaristia é o sacramento da memória que nos recorda, de forma real e tangível, a história de amor de Deus por nós.
Recordação das façanhas do Senhor
Recorda-te: diz, hoje, a Palavra divina a cada um de nós, salientou o Papa. “A partir da recordação das façanhas do Senhor, ganhou força o caminho do povo no deserto; é na recordação daquilo que o Senhor fez por nós que se fundamenta a nossa história pessoal de salvação. Recordar é essencial para a fé, como a água para uma planta”.
A memória é importante, – continuou Francisco – porque nos permite permanecer no amor, permite re-cordar, isto é, trazer no coração, não esquecer quem nos ama e a quem somos chamados a amar. Mas esta faculdade excecional, que o Senhor nos deu, encontra-se hoje bastante debilitada.
Depressa viramos página, ávidos de novidades
No frenesim em que estamos imersos, – destacou o Santo Padre – muitas pessoas e tantos acontecimentos parecem passar-nos por cima, sem nos darmos conta. Depressa viramos página, ávidos de novidades, mas pobres de recordações. Deste modo, mandando em fumo as recordações e vivendo cingidos ao instante presente, corre-se o risco de ficar à superfície, vendo o fluir das coisas que acontecem sem descer em profundidade, sem aquela espessura que nos recorda quem somos e para onde vamos. Então a vida exterior acaba fragmentada, e a interior inerte.
O Senhor vem ao nosso encontro
A solenidade de hoje – disse Francisco na sua homilia – recorda-nos que, na fragmentação da vida, o Senhor vem ao nosso encontro nos panos duma amorosa fragilidade, que é a Eucaristia. No Pão de vida, o Senhor vem visitar-nos fazendo-Se humilde alimento que amorosamente cura a nossa memória adoentada de frenesim. Porque a Eucaristia é o memorial do amor de Deus. Nela, “se comemora a sua paixão”, o amor de Deus por nós, que é a nossa força, o sustentáculo do nosso caminhar.
É por isso – disse o Papa – que nos faz tão bem o memorial eucarístico: não é uma memória abstrata, fria e concetualista, mas a memória viva e consoladora do amor de Deus.
Eucaristia, memória agradecida
A Eucaristia forma em nós uma memória agradecida, porque nos reconhecemos como filhos amados e alimentados pelo Pai. A Eucaristia encoraja-nos: mesmo no caminho mais acidentado, não estamos sozinhos, o Senhor não Se esquece de nós e, sempre que vamos até Ele, alenta-nos com amor.
A Eucaristia recorda-nos também que não somos indivíduos, mas um corpo. Tal como o povo no deserto recolhia o maná caído do céu e o partilhava em família, assim também Jesus, Pão do céu, nos convoca para o recebermos juntos e o partilharmos entre nós. A Eucaristia não é um sacramento “para mim”, é o sacramento de muitos que formam um só corpo.
“DNA espiritual”
Francisco salientou que quem a recebe não pode deixar de ser artífice de unidade, porque nasce nele, no seu “DNA espiritual”, a construção da unidade. Que este Pão de unidade – finalizou Francisco – nos cure da ambição de prevalecer sobre os outros, da ganância de entesourar para nós mesmos, de fomentar discórdias e disseminar críticas; que desperte a alegria de nos amarmos sem rivalidades, nem invejas, nem murmurações maldizentes. (SP)
Fonte: Rádio Vaticano