Papa: testemunhas de misericórdia e não de uma ideologia

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Na tarde de dia 9 de julho na cidade de Santa Cruz, após ter celebrado Missa na Praça do Cristo Redentor, o Papa Francisco encontrou-se com cerca de 4 mil sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e leigos consagrados da Bolívia na Escola D. Bosco.

O Santo Padre dirigiu-se aos presentes recordando o Evangelho de S. Marcos e o episódio do cego Bartimeu. O Evangelista – observou o Papa – parece querer mostrar como as pessoas reagem perante o sofrimento de quem está na beira da estrada, da pessoa que está sentada sobre a sua dor.

Segundo o Santo Padre, são “três as respostas aos gritos do cego”, plenas de atualidade: “passar; cala-te e coragem, levanta-te”.

Passar

Uma primeira resposta ao grito do cego pode ser a de “passar ao largo” – disse o Papa – “passar ao lado dos problemas”, não ouvindo e não reconhecendo. Um coração que já se habituou a “passar sem se deixar tocar”:

“Poderíamos também chamá-la de espiritualidade do zapping. Passa e passa e volta a passar, mas não fica nada. São aqueles que correm atrás da última novidade, do último «bestseller», mas não conseguem entrar em contato, relacionar-se, envolver-se, incluindo com o Senhor que estão seguindo.”

Cala-te

Cala-te – “esta é a segunda atitude perante o grito de Bartimeu. Cala-te, não chateies, não perturbes” – sublinou o Papa – dizendo que é esta a atitude de muito padres, bispos e leigos que repreendem.

“É o drama da consciência isolada, daqueles discípulos e discípulas que pensam que a vida de Jesus é apenas para aqueles que consideram aptos. A seus olhos parece lícito que encontrem espaço apenas os «autorizados», uma «casta de pessoas diferentes» que pouco a pouco se separa, diferenciando-se do seu povo. Fizeram da identidade uma questão de superioridade… Já não são pastores mas capatazes.”

Coragem, levanta-te

Coragem, levanta-te, é o terceiro eco, que não nasce diretamente grito de Bartimeu “mas de ver como Jesus se comportou perante o grito do cego mendicante” – afirmou o Santo Padre. “É um grito que se transforma em Palavra, em convite, em mudança”.

Ao contrário dos outros que passavam, diz o Evangelho que Jesus Se deteve e perguntou: “Que posso fazer por ti?” Esta é a lógica própria do amor. “Esta é a lógica do discipulado. Isto é o que faz o Espírito Santo conosco e em nós. Disto somos testemunhas. Um dia Jesus viu-nos à beira da estrada, sentados nas nossas dores, nas nossas misérias. Não silenciou os nossos gritos; antes, deteve-Se, aproximou-Se e perguntou o que podia fazer por nós” – afirmou o Papa Francisco:

“E, graças a tantas testemunhas que nos disseram «coragem, levanta-te», gradualmente fomos tocando aquele amor misericordioso, aquele amor transformador que nos permitiu ver a luz. Não somos testemunhas de uma ideologia, uma receita, uma forma de fazer teologia. Somos testemunhas do amor sanador e misericordioso de Jesus. Somos testemunhas da sua intervenção na vida das nossas comunidades.”

No final do seu discurso o Papa Francisco afirmou que “esta é a pedagogia do Mestre; esta é a pedagogia de Deus com o seu Povo. Passar da indiferença do zapping ao ‘coragem, levanta-te’”. (RS)

 

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