Papa João Paulo II, no dia de finados de 1997, na Alocução mariana, disse:
“A tradição da Igreja exortou sempre a rezar pelos mortos. O fundamento da oração de sufrágio encontra-se na comunhão do Corpo Místico… Por conseguinte, recomenda a visita aos cemitérios, o adorno dos sepulcros e o sufrágio, como testemunho de esperança confiante, apesar dos sofrimentos pela separação dos entes queridos.”
O Catecismo ensina que:
“Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primeiros da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos…”(CIC, 958)
São João Crisóstomo (349-407), que foi patriarca de Constantinopla, doutor da Igreja, ensina a necessidade de rezar pelos mortos:
“Levemos-lhes socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer aos que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (CIC, 1032; I Cor 41,5).
Rezar pelos mortos e, especialmente, celebrar a Santa Missa pelos mortos não é celebrar a fé das pessoas falecidas nem é celebrar a fé dos que ficaram neste mundo.
É celebrar o mistério da fé, ou seja, o sacrifício de Cristo perpetuado sobre os nossos altares e oferecido ao Pai em favor de tal ou tal irmão ou irmã falecido(a) seja corroborado para que extinga qualquer amor desregrado ou qualquer resquício de pecado que tenha ficado na alma do defunto.
Este se encontra em estado de purificação, preparando-se para ver Deus face-a-face mediante o repúdio radical de qualquer escória de infidelidade. Santo Ambrósio (340-397), bispo e doutor da Igreja de Milão, que batizou S. Agostinho, no século IV já dava este testemunho:
“…assim como é redimido do pecado e purificado no homem interior, por algumas obras de todo o povo, aquele que é lavado pelas lágrimas do povo. Pois concedeu Cristo à sua Igreja, que por todos resgatasse um, ela que mereceu o advento do Senhor, para que por um só, todos fossem remidos”. Não só a Igreja ora pelos mortos, como também ensina que eles intercedem por nós. O nosso Catecismo afirma que:
“A nossa oração por eles [no Purgatório] pode não somente ajudá-los, mas também torna eficaz a sua intercessão por nós”. (CIC, 958)
Os santos, especialmente os místicos, invocavam as almas do purgatório. Que elas “nos obtenham a graça de voltar à amizade do Coração de Jesus…”, escreve Santa Margarida Maria Alacoque (Carta 480); e ainda: “E a estas [almas] rogareis… que empreguem seu poder para nos conseguir a graça de viver e morrer no amor e fidelidade ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo…”.
Professor Felipe Aquino
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