Com o tema: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em Missão no Mundo e o lema: “Sereis minhas testemunhas […] até os confins da terra” (At 1,8), seminaristas diocesanos e religiosos de 104 dioceses e prelazias dos 18 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), participaram entre os dias 10 a 14 de julho, do 3° Congresso Missionário Nacional de Seminaristas, em Santo Antônio da Patrulha (RS). Ao final, foi lida e aprovada a carta-compromisso redigida a partir das discussões e encaminhamentos realizados durante os cinco dias do evento.
Leia a carta na íntegra
Carta-compromisso dos seminaristas congressistas aos irmãos de Seminário, senhores Bispos e Formadores de todo Brasil.
Nos dias 10 a 14 de julho de 2019, estivemos reunidos em Santo Antônio da Patrulha – RS, para o 3° Congresso Missionário Nacional de Seminaristas. Somamos em torno de 300 congressistas, sendo 235 seminaristas diocesanos e religiosos de 104 dioceses e prelazias dos 18 regionais do Brasil, formadores, coordenadores de COMIREs, bispos representantes da CNBB, coordenadores das POM, representantes da OSIB, CRB, CIMI, IAM, JM e FM. Promovido pelas POM e pela comissão nacional dos COMISEs, o Congresso contou com uma excelente equipe de organização envolvendo cerca de 150 voluntários, com o COMIDI local, COMIRE Sul 3, a diocese de Osório – RS, paróquias, agentes de pastorais e movimentos e famílias da comunidade que se disponibilizaram para acolher e servir com amor e generosidade. O objetivo geral foi animar e aprimorar a formação missionária dos futuros presbíteros no Brasil, de maneira que a missão seja realmente eixo central da formação e ajude os seminaristas a adquirir um autêntico espírito missionário.
Gostaríamos de transmitir a todos os nossos irmãos seminaristas, equipes de formação e bispos, nossa imensa alegria em congregar pessoas de tantas Igrejas particulares e congregações religiosas deste nosso imenso país, todas imbuídas pelo mesmo ardor missionário de animar e fortalecer nossa vocação.
O Congresso foi, sem duvida, um momento de verdadeira sensibilização para com a caminhada missionária da Igreja no Brasil e no mundo. Tornou-se um excelente espaço de reflexão sobre a formação missionária dos futuros presbíteros, troca de experiências e celebrações a fim de encontrarmos novos rumos que aprimorem as orientações para a formação dos seminaristas do Brasil. Fomos impulsionados a sermos agentes ativos no processo de conversão pastoral e ajudarmos a Igreja a viver a missão como “uma paixão por Jesus e, simultaneamente uma paixão pelo seu povo” (EG 268), durante todo o processo de formação, tanto inicial como permanente.
Com a intenção de despertar em medida maior a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação da vida, da formação e da pastoral, sentimos que, mais do que nunca, devemos assumir sem medo o seguimento de Cristo de maneira preferencial. “Não é possível falar de vocação, excluindo missão”. O fator missionário não se soma ao ser padre, mas é um com o chamado vocacional. Antes de qualquer coisa é necessário ser discípulo, despojar-se do desnecessário e acompanhar o Mestre, assumindo os mesmos compromissos d’Ele. Assim como Cristo, é preciso “mergulhar” na dor e na dificuldade do outro. Neste sentido, é fundamental que os futuros presbíteros movimentem-se, peregrinem ao encontro daqueles que o Senhor os enviou e com passos, ritmos, etapas, uma imersão autêntica na experiência de Cristo, vivermos a apostolicidade e missionariedade da Igreja e os ensinamentos do Mestre. Também é essencial aprofundar-se nos afetos e nos sentimentos de Jesus, integrar-se em sua liberdade, em seus talentos, pensamentos, compadecimentos. Olhar para o outro, para aquele que sofre, com os olhos de Jesus a partir da iniciação cristã e da configuração a Ele, a fim de que na imagem do cristão missionário se vislumbre a figura do próprio Cristo.
Na era atual em que a vida cada vez mais perde seu sentido devido às novas tecnologias, todo missionário é convidado a ser profeta, ser e fazer algo definitivo em meio a essa transitoriedade, pois a missão tende ao que não passará. A Igreja missionária, impulsionada pelo desejo de evangelizar, deve anunciar a partir da experiência própria com Deus e transformação pessoal que emerge de dentro, do ser, pelo e por amor. A partir daí, sentimos a necessidade de compreender o quanto é importante estar “enamorados por Jesus Cristo” e “encontrar forças na cruz do Senhor” que impulsiona a uma vida missionária, tirando cada um de uma zona de conforto para ir à realidade do outro. Isso se resume na necessidade de promovermos a sinodalidade e assumirmos espaços missionários nas casas de formação e nas paróquias; despertarmos o ardor missionário por meio da consciência de que a missão contínua e permanente é um transbordar da experiência pessoal com Jesus. Daí implica-se rever com coragem costumes, estilos, horários, linguagem, escuta, diálogo, estruturas, formas, ministérios, práticas de formação humana, teológica e espiritual, bem como a prática da solidariedade, da cooperação e da integração.
Estamos convictos de que a vocação é dom de Deus e a missão d’Ele procede. Dirigimo-nos aos nossos bispos, reitores e formadores. Pedimos o apoio e benção para que a espiritualidade e a missionariedade sejam o princípio articulador de todo o processo formativo. Nas realidades que os COMISEs ainda não atuam ou que são pouco estruturados, pedimos sua atenção e incentivo para que sejam fortalecidos. Assim, certos da atenção de todos, reiteramos nosso desejo de juntos, animados e guiados pelo Espírito de Deus, construirmos no coração dos Seminários, Casas de Formação, Institutos, Universidades e Paróquias, uma mentalidade viva e ardente, direcionada a uma Igreja em permanente missão, com o rosto misericordioso do Pai, marca insubstituível da Igreja Missionária. Sem mais, nossa prece ao coração afim de que brote no seio da Igreja do Brasil e do mundo o amor à causa missionária. Igreja em missão, vida em doação!
Em Cristo Jesus, Missionário do Pai.
Os participantes do 3º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas.
Santo Antônio da Patrulha, 14 de julho de 2019
Fonte: cnbb.org.br