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Venerar os túmulos dos Apóstolos
Momento central da peregrinação em Roma será a visita aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que em Roma, através do martírio, deram testemunho da única fé em Jesus Cristo. Sempre acontece a celebração da Eucaristia nas Basílicas de São Pedro, na colina do Vaticano, e na de São Paulo Fora dos Muros, como vivência profunda da fé que une todos os bispos com o Papa.
É necessário que cada uma das Igrejas presentes no Centro-Oeste, concordem com a Igreja de Roma, porque ela é a garantia última da integridade da tradição transmitida pelos Apóstolos. Por isso se pode afirmar que a Igreja de Roma preside a comunhão universal na caridade, tutela as legítimas diferenças e, ao mesmo tempo, vigia para que a particularidade não só não danifique a unidade, mas a beneficie.
Durante a visita, os bispos celebrarão em outras duas basílicas romanas: Santa Maria Maior (primeiro templo mariano) e São João de Latrão (a catedral de Roma). Se, como dizia São Cipriano, “o bispo está na Igreja, e a Igreja está no bispo”, os bispos não estarão sozinhos durante a peregrinação. Sem dúvida, as celebrações nas basílicas dos Apóstolos serão momentos de intensa oração por todos aqueles que formam unidade com a Igreja no Centro-Oeste do Brasil: sacerdotes, membros da vida consagrada, fiéis leigos/as de todas as paróquias e comunidades, com as preocupações, alegrias e projetos pessoais e comunitários.
Serão momentos de louvar a Deus por toda Igreja, de pedir ao Senhor que a mantenha fiel ao fundamento apostólico da fé e para suplicar as bênçãos para o povo brasileiro a fim de que cresça entre todos a profissão da verdadeira fé e a vivência da comunhão eclesial, a partir da prática da justiça e da solidariedade.
Quando os bispos se ajoelharem diante dos túmulos dos Santos Apóstolos, renovarão e partilharão com a Igreja de Roma a fé católica, na unidade, na apostolicidade e no martírio testemunhal de tantos membros das Dioceses. Junto aos apóstolos, considerados colunas da Igreja, os bispos, por amor a Jesus Cristo, rezarão com humildade e gratidão o Credo, o hino da fé católica, pedindo a força de testemunhá-la e vivê-la com coragem, com autenticidade e perseverança no serviço fiel ao Povo de Deus.
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Ver Pedro
Os bispos, enquanto sucessores dos Apóstolos, devem se aproximar da casa de Pedro, para encontrar com o Sucessor de Pedro. Repete-se de algum modo os encontros narrados por São Paulo, depois de sua conversão:
“APÓS TRÊS ANOS, SUBIU A JERUSALÉM PARA AVISTAR-SE COM PEDRO E FIQUEI QUINZE DIAS COM ELE” (CF. GL 1,18).
Catorze anos depois repetia o gesto, “expondo-lhes o evangelho que eu prego aos pagãos… para não cair no risco de correr ou de ter corrido em vão” (Gl 2,2).
Assim, desde os primeiros tempos, os evangelizadores e fundadores das Igrejas iam se encontrar com Pedro, “ver a Pedro”, para conferir com a sua autoridade a autenticidade da própria missão, da própria doutrina e da disciplina da Igreja nascente.
Era a segurança para o “discípulo enviado” e o vínculo da unidade entre as Comunidades. Da mesma forma, esta prática milenar da “visita ad limina”, busca no Sucessor de Pedro a função que Jesus entregou ao primeiro Papa:
“…EU TE DIGO QUE TU ÉS PEDRO, E SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA…” (CF. MT 16,18) E “TU, UMA VEZ CONVERTIDO, CONFIRMA TEUS IRMÃOS NA FÉ” (CF. LC 22,32).
Na Igreja, organismo vivo e vivificante, é preciso que Pedro, de uma maneira ou de outra, esteja pessoalmente presente para comunicar, sem interrupção, aos fiéis a vida de Cristo.
O momento principal e mais emocionante da visita é com certeza o encontro com o Papa. A visita ad limina é ocasião também para que o Papa possa ser informado diretamente pelos bispos dos problemas humanos e pastorais de suas respectivas regiões e países. Um dos pontos importantes é o envio dos relatórios completos sobre a situação das dioceses, normatizado pelo Papa São Pio X já em 1909. A visita ao Papa permite um intercâmbio fraternal e filial sobre a vida de nossas igrejas particulares, sobre suas dificuldades e sofrimentos concretos, suas iniciativas e suas conquistas. Desta maneira, as relações entre os bispos e suas comunidades e o bispo de Roma, que preside a toda a Igreja na caridade, se fortalecem e personalizam ainda mais.
Todos os bispos estarão abertos, cordialmente, aos conselhos e indicações que ele tenha a fazer. Serão acolhidas com atenção, suas informações sobre as esperanças, alegrias e dificuldades da Igreja universal e as questões que se referem à sua missão eclesial. Durante a audiência com todo o grupo, o Papa sublinhará as urgências pastorais da Igreja no Brasil. Todos estarão atentos ao que Francisco apontará como preocupações e prioridades para as Dioceses no momento atual.
Os bispos renovarão a promessa de fidelidade à Sé de Pedro e a solidariedade com as Igrejas do mundo inteiro, oferecendo disponibilidade e abertura aos novos tempos, lutando pelo Evangelho contra o relativismo e o individualismo, com “novo ardor, novos métodos e novas expressões”. Suplicarão ao Santo Padre sua bênção confortadora para as famílias, crianças, jovens, anciãos e enfermos da Igreja do Regional Centro-Oeste.
Encontrar o Papa nesta visita será reencontrar com a Igreja de ontem, de hoje e do futuro, a dos santos e mártires, a dos pastores e missionários, a dos pobres e a dos teólogos. Mas será sempre a mesma Igreja de Jesus Cristo, impulsionada pelo Espírito Santo para que fale todas as línguas dos homens e mulheres de todos os tempos e incentive o permanente crescimento na fidelidade ao Evangelho.
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Expressão da comunhão e intercâmbio eclesial
Cristo quis uma comunhão muito estreita em sua Igreja, e, portanto, entre as dioceses de todas as partes do mundo. Essa comunhão, verdadeira graça do Espírito Santo, faz das dioceses a única Igreja de Jesus Cristo. Essa comunhão e unidade devem ser também uma preocupação constante de todos os cristãos.
A visita, com seus diferentes momentos, tem um significado bem claro para os bispos e para suas dioceses. Para os bispos, supõe uma ocasião privilegiada para reforçar o sentido de responsabilidade, como sucessor dos Apóstolos, e fortalecer a comunhão com o sucessor de Pedro, o Papa. E para as Igrejas diocesanas é uma ocasião para consolidar, através das pessoas, os vínculos de fé, comunhão e disciplina com a Igreja de Roma e com toda a Igreja do Senhor.
Assim se fará visível e ficará, sem dúvida, fortalecida a unidade e a comunhão que une aos bispos, sucessores dos Apóstolos, com o Papa, sucessor de Pedro. Do mesmo modo, as Igrejas locais se unirão com a Igreja primaz de Roma e com o resto das Igrejas particulares do mundo. Todos com profundo sentimento de fraternal comunhão afetiva e efetiva para com o Santo Padre e para com toda a Igreja, reforçando os laços de fé, de esperança e de caridade com o Papa Francisco e com a Igreja Universal.
A visita ad limina é uma demonstração de afeto e de obediência ao sucessor de Pedro, num reconhecimento visível de sua universal jurisdição sobre todo o mundo católico.
COM A VISITA OS BISPOS FORTALECEM A “COMUNHÃO ECLESIAL” COM TODOS OS DEMAIS BISPOS, “SUCESSORES DOS APÓSTOLOS”, ATRAVÉS DO PAPA, CABEÇA DO COLÉGIO EPISCOPAL.
Esta comunhão significa a identificação da fé recebida, pregada e vivida, com a fé dos Apóstolos, no exercício da função episcopal de ensinar. Igualmente a tarefa de santificar, por meio dos Sacramentos, da caridade e da oração, fica autenticada ante os sepulcros dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e ante aquela primeira Igreja Romana de tantos mártires e santos. O dever de governar, que compete a cada bispo, é fortalecido pela garantia que dá a Santa Sé à disciplina comum, aos planos pastorais de caridade e de testemunho em toda a Igreja Universal.
Cabe aos bispos da Igreja no Centro-Oeste, expor a promoção e coordenação dos carismas e serviços realizados nas comunidades e levar à Igreja Mãe de Roma o testemunho da força do Espírito, pedindo as bênçãos de Deus sobre os planos pastorais de cada uma das Igrejas Particulares.
Juntos, os bispos visitarão os distintos Organismos da Cúria Romana. Esses encontros servirão para fortalecer o intercâmbio fraterno, pois neles são tratados temas de caráter geral sobre o governo pastoral da Igreja diocesana, onde serão aportadas as realidades e as experiências das dioceses do Centro-Oeste e, ao mesmo tempo, se conhecerão as realidades de outras dioceses do mundo, recolhidas pela Santa Sé através do contato com os bispos do mundo inteiro. Produz-se, assim, um enriquecimento mútuo que é fruto da comunhão eclesial. Um dos pontos importantes da visita é o envio dos relatórios completos sobre a situação das dioceses.
Esta obrigatoriedade foi normatizada pelo Papa São Pio X já em 1909 que e também se encontra nas disposições canônicas relacionadas com a visita ad limina (cf. CIC, c. 399-400). Portanto, os bispos prestam contas de suas administrações ao Papa e à Santa Sé, enviando ao Santo Padre, seis meses antes da visita, um relatório ou informe minucioso sobre a situação geral e o estado específico das dioceses nos últimos cinco anos. O informe deverá ser suficientemente amplo, preciso e claro, para que tanto o Papa como os Organismos da Santa Sé possam conhecer o estado pastoral das dioceses do Regional.
A visita ad limina não é um mero ato administrativo ou protocolar diante de uma suprema autoridade. O bispo diocesano é um verdadeiro pastor posto à frente de uma porção do povo de Deus, a Igreja particular ou diocese, na qual se torna presente a Igreja de Cristo una, santa, católica e apostólica (cf. CD 11). Na comunidade diocesana, o bispo faz as vezes de Cristo Mestre, Pontífice e Pastor e age como seu representante (cf. LG 21). Ainda que nas Igrejas do Ocidente o bispo seja nomeado pelo Papa, sem dúvida a potestade pastoral vem ao bispo na ordenação episcopal (potestas ordinis), mas só a pode exercer estando em comunhão hierárquica com o Sucessor de Pedro e com o Colégio Episcopal. Este aspecto da comunhão com o Papa é precisamente o que caracteriza a visita ad limina.
A visita é também uma oportunidade para os Bispos do Regional estreitarem os laços de amizade, compartilhar as ricas experiências pastorais das suas Igrejas Particulares e cultivar o espírito da colegialidade, aumentando os raios de luz que brotam de Cristo ressuscitado.
Na alegria do Evangelho, seguindo os passos de Pedro e Paulo, espera-se que a visita ad Limina Apostolorum seja para os bispos do Regional uma oportunidade de encontrar com o sucessor de Pedro, o Papa Francisco, bem como um impulso de animo para a caminhada de comunhão e sinodalidade da Igreja do Centro-Oeste.
Fonte: Livreto – VISITA AD LIMINA – Regional Centro Oeste