Maringá (RV*) – Em um determinado momento da vida nasce uma pergunta que nem sempre é fácil responder: Qual é a minha vocação? O que eu quero da minha vida? Na maioria das vezes a resposta vem no silêncio da escolha que se se constrói a cada momento. Toda escolha tem consequência; e não tem como fugir.
Mas, vocação não é só questão de escolha e sim de chamado. Sentir-se chamado significa ter uma missão, entendida não somente no sentido religioso. Missão é lutar pelos objetivos que se acredita sem olhar os resultados. Aonde se quer chegar é mais importante do que os resultados imediatos. O imediatismo muitas vezes leva para frustrações. Por isso que vocação vem acompanhada de aptidão, fé e gosto pela missão, por aquilo que se faz, e não só pelos efeitos que se possa medir.
Este ano o papa Francisco, na sua mensagem para o dia mundial das vocações, afirma: “Na raiz de cada vocação cristã, há este movimento fundamental da experiência de fé: crer significa deixar-se a si mesmo, sair da comodidade e rigidez do próprio eu para centrar a nossa vida em Jesus Cristo; abandonar como Abraão a própria terra pondo-se confiadamente a caminho, sabendo que Deus indicará a estrada para a nova terra. Esta ‘saída’ não deve ser entendida como um desprezo da própria vida, do próprio sentir, da própria humanidade; pelo contrário, quem se põe a caminho no seguimento de Cristo encontra a vida em abundância, colocando tudo de si à disposição de Deus e do seu Reino”.
“Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna” (Mt 19, 29). O papa Francisco também diz: “Tudo isto tem a sua raiz mais profunda no amor. De fato, a vocação cristã é, antes de mais nada, uma chamada de amor que atrai e reenvia para além de si mesmo, descentraliza a pessoa, provoca um êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si. Esta dinâmica do êxodo diz respeito não só à pessoa chamada, mas também à toda atividade evangelizadora, e ao ser cristão no mundo. A atitude de saída, estar sempre ‘fora de si’ ou seja não preocupado consigo mesmo, faz com a vida se alarga para além dos horizontes dos próprios desejos e ideias pessoais, da própria estrutura e ir ao encontro daqueles que mais precisam e compadecer-se de suas feridas”.
O papa ainda continua com sua sabedoria: “Deus sai de Si mesmo numa dinâmica trinitária de amor, dá-Se conta da miséria do seu povo e intervém para o libertar. A Virgem Maria, modelo de toda a vocação, não teve medo de pronunciar o seu ‘sim’ à chamada do Senhor. Ela acompanha-nos e guia-nos. A Ela nos dirigimos pedindo para estarmos plenamente disponíveis ao desígnio que Deus tem para cada um de nós; para crescer em nós o desejo de sair e caminhar, com solicitude, ao encontro dos outros (cf. Lc 1, 39). A Virgem Mãe nos proteja e interceda por todos nós”, por todos os presbíteros e missionários que pronta e generosamente ouviram o chamado e responderam.
*Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá-PR