Foto: ROBIN WORRALL na Unsplash

Presidente do Dicastério para a Comunicação apresentou em coletiva o novo documento “Rumo à presença plena”, sobre o envolvimento dos cristãos nas mídias sociais

Reativar o senso de compartilhamento além da conexão. Este é o coração da iniciativa “Rumo à presença plena”, promovida pelo Dicastério para a Comunicação, que visa promover uma reflexão comum sobre o envolvimento dos cristãos com as mídias sociais. O assunto foi discutido na manhã desta segunda-feira, 29, na sala de imprensa vaticana, onde foi apresentado o documento.

O prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, começou destacando que o documento se destina a todos, não apenas aos fiéis ou aos profissionais, e que sua gênese é uma resposta às perguntas dirigidas ao longo do tempo “de baixo para cima” ao dicastério que ele dirige. Ruffini citou o Cardeal Martini e sua carta pastoral Effatà que, embora tenha mais de trinta anos, foi ao cerne do aspecto primorosamente dialógico e mutuamente ativo da comunicação. “Devemos nos apropriar das sugestões contidas nesse texto de referência para garantir que a comunicação seja capaz de produzir mudanças”.

O prefeito ilustrou o documento como o fruto de uma reflexão teológica pastoral cujo “foco é o homem e não a máquina, o coração e não o algoritmo. Cabe a nós renegociar as regras, reapropriar-nos dos relacionamentos, passar da conexão ao compartilhamento”, enfatiza. É hora de uma renegociação consciente, explicou ele. Portanto, é um documento que não parte da tecnologia e não contém recomendações precisas, conselhos práticos. “Não é um diretório, uma espécie de diretriz funcional prática”. E ainda acrescentou: “Cabe a nós transformar o mundo da mídia social, libertando-o dos dogmas unilaterais das empresas que o administram, para restituí-lo ao bem comum, ao compartilhamento gratuito”.

“Não se trata de redimir a máquina, mas de formar o homem”

O bom samaritano, ícone ao qual o Papa faz referência explícita ao falar dos comunicadores, disse Ruffini, pode parecer um perdedor na web, mas o testemunho atua ao longo do tempo. É uma figura que vai contracorrente, porque na rede geralmente são selecionados aqueles que gritam mais alto, aqueles que criam mais divisão. Em seguida, se debruçou sobre o logotipo que apresenta dois peixinhos, um símbolo cristão de comunicação feito para unir e não dividir. Ele foi criado por um grupo de jovens comunicadores que participaram do programa Faith Communication in the Digital World, o projeto piloto de formação que esse dicastério vem realizando há três anos.

Respondendo a algumas perguntas de jornalistas que colocaram, por exemplo, a questão dos ‘haters’, dos ‘deep fakes’, como uma área em que se deve estar vigilante e perguntaram como poderiam ser mais vigilantes, Ruffini tentou redimensionar um problema que, segundo ele, não nasceu com o digital e diante do qual a chave cristã é sempre não responder ao ódio com o ódio. O ponto central continua sendo “não redimir a máquina, mas formar o homem”.

Um documento que intercepta as instâncias sinodais

Irmã Natalie Becquart, subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo e membro do Dicastério para a Comunicação, falou sobre a importância de uma formação integral que é essencial no mundo digital, tanto para os pastores quanto para as irmãs. Ela se concentrou em como o documento se entrelaça com o caminho do Sínodo: lembrou que foram os jovens que pediram nos trabalhos sinodais um instrumento para ajudá-los a navegar no espaço digital. Essas solicitações vieram do Oriente Médio e da Ásia, mas também da América Latina.

Sobretudo nesta época pós-pandêmica, disse Becquart, é preciso aprimorar um uso mais eficaz do digital. E acrescentou que surgiu a necessidade de acompanhar mais de perto os evangelizadores digitais. O documento, apontou a religiosa, se apresenta como uma ajuda ao discernimento para focar em como estar presente na mídia social, para caminhar juntos on-life.

Um site como plataforma de compartilhamento

O secretário do Dicastério para a Comunicação, monsenhor Lucio Adrián Ruiz, referiu-se ao que os papas, desde Paulo VI, têm dito sobre as mídias sociais, ressaltando que “a tecnologia jamais e de forma alguma é neutra, por isso o juízo crítico é essencial”.

Ele repetiu que a cultura atual é feita de presenças e virtualidades, que este é o espaço para encontrar homens e mulheres para a proclamação da alegre mensagem: é a terra de missão. “O documento quer iniciar um processo”, disse ele. E ilustrou o site que foi criado para esse fim como uma plataforma de compartilhamento: fullypresent.website

Fonte: Canção Nova