Foto: Vatican News

Exterminada por esconder oito judeus, a família Ulma será beatificada neste domingo; pela primeira vez na história da Igreja acontece a beatificação de uma família inteira.

Está marcada para domingo, 10 de setembro, em Markowa, Polônia, a solenidade de beatificação da família Ulma, massacrada pelos nazistas em março de 1944.

Józef, Wiktoria e seus sete filhos – incluindo o que estava ainda no ventre da mãe – morreram por terem escondido oito judeus em sua casa durante a Segunda Guerra Mundial. Esta é a primeira vez na história que uma família inteira receberá o título de beatos.

Em nove anos de matrimônio, Józef e Wiktoria tiveram seis filhos que educaram sabiamente com espírito de fé e amor, e estavam à espera do sétimo. A família participava da Missa todos os domingos e fazia orações em casa diariamente com seus filhos.

Evangelho nas pequenas coisas

A família Ulma era uma família como qualquer outra da época: o pai, Józef, trabalhava no campo e a mãe, Wiktoria, fazia os serviços de casa, além de cuidar de seis filhos e estar gestante do sétimo.

Vivendo o cotidiano na simplicidade, a família vivia e tornava vivo o Evangelho. A educação à fé, a oração comum em família e a leitura da Bíblia faziam da família Ulma o que São João Paulo II chamava de “Igreja doméstica”, aberta também aos mais necessitados. Naqueles anos em que acontecia a Segunda Guerra Mundial, “os mais necessitados” eram, sobretudo, os judeus.

Devoção

Muitos anos atrás, um amigo de Józef adoeceu e, a caminho do túmulo da família Ulma, pediu a intercessão deles para que fosse curado. Uma graça que depois veio a acontecer e que o homem está convencido de ter recebido por intercessão do “querido Józef”.

Desde então, a história e a devoção à família Ulma tem continuado a crescer não apenas na Polônia, mas em todo o mundo.

Em 2016, em Markowa, um museu dedicado a estes poloneses foi inaugurado. O nome do museu homenageia a família Ulma e nos três primeiros anos foi visitado por cerca de 50 mil pessoas.

Beatificação sem precedentes

O Prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, Cardeal Marcello Semeraro, em uma entrevista para a publicação do livro “Mataram até as Crianças: a família Ulma mártir que ajudou os judeus” (Edições Ares), disse que, a petição para a beatificação, apresentada ao Santo Padre, incluiu também o bebê que estava no ventre da mãe.

Provavelmente, ela havia iniciado a dar à luz, por medo, durante a sua execução pelos nazistas. De fato, afirmou o cardeal, “este é um caso muito singular, referindo-se a um episódio evangélico, que pode ser chamado Batismo de sangue, como o caso semelhante ao dos Santos inocentes. Este nascituro, encontrado na fossa comum após o massacre (a cabeça e parte do seu corpo já estavam saindo do ventre de Wiktoria, ndr), foi considerado digno do martírio”.

*Com informações do Vatican News

Fonte: Canção Nova