A Igreja Católica é maior que suas crises. Desde o episódio de Judas até os inúmeros levantes de hereges, usurpadores, corruptos, espiões, e demais apóstatas (inclusive entre o clero), a Igreja sempre mostrou que a crise é a antessala do crescimento. As portas do inferno, nunca prevalecem! (Mt 16,18)

Nos últimos tempos, assistimos o surgir de uma espécie de ‘cruzada digital’ onde irmãos católicos impõem sua visão subjetiva do catolicismo, por meio de ataques orquestrados contra sacerdotes, bispos, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e até contra o próprio papa.

A Igreja é Santa e sem mancha, mas seus filhos  (todos) somos pecadores, necessitados de conversão. Nosso Senhor não fundou uma Igreja partidarista; não fundou uma Igreja marxista ou de ideologia comunista e coisas afins;  muito menos uma Igreja infiel aos princípios evangélicos e à própria fé. Jesus Cristo fundou uma Igreja que professa um Credo e,  no Depósito da Fé, defensora da Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição. É pueril querer ‘salvar’ a Igreja questionando sua própria estrutura por meio de postagens, vídeos e manifestações do tipo ‘revolucionárias’. Assustados com os ‘confrontos ideológicos’ no ambiente virtual, não devemos ceder ao queixume e impulsividade sem reflexão, estudo e oração.

Como deve se comportar o Católico diante dos atuais ataques à unidade da Igreja? Agindo com fé católica! Vários santos passaram por isso! Eles nos precederam nesse desafio! Provaram que é possível fazer revolução na Igreja, de dentro para fora e jamais de fora (pela internet) para dentro! Os exemplos são vários. São PEDRO e SÃO PAULO APÓSTOLOS superaram suas diferenças por meio do diálogo e da oração e jamais criaram ‘auditório seleto’ para cooptar fãs para suas ideias. São Francisco de Assis jamais hostilizou a autoridade eclesiástica, mesmo em tempos onde a opulência e vaidade extravasavam das sacristias aos mais altos púlpitos. Santa Catarina de Sena, apesar de ter colóquios pessoais com Nosso Senhor, jamais desrespeitou as autoridades constituídas, e favoreceu um grande amadurecimento eclesial, sendo ouvida como conselheira pelo próprio Papa. São Pio de Pietrelcina, mesmo injustiçado por parte de clérigos católicos, sempre defendia e até vociferava contra quem pecasse por maledicência ao Prelado ou à Santa Igreja. O católico de verdade ama a Mãe Igreja. Um verdadeiro filho não expõe os erros da própria mãe em público; ele busca corrigi-la com filial respeito, no seio da própria casa.

Diante das críticas aos bispos, à CNBB e ao Papa, o verdadeiro católico precisa se posicionar! Precisa dizer: ‘com meu testemunho de santidade, quero preservar a unidade da Igreja, para agradar a Deus’. No filial respeito às autoridades que o Senhor determinou. Sem tergiversar diante de qualquer abuso, heresia ou instrumentalização da Igreja, contudo, jamais destruindo o direito da boa fama que todo cristão – clérigo ou não – merece ter; evitando oferecer aos ateus e inimigos públicos da fé católica, o triste ‘espetáculo midiático’ de ridicularizar membros da Igreja ou impor uma insubordinação laical, como tentativa de neo reforma pós moderna.

A correção fraterna – em ambiente privado –  é o caminho para a ajuda mútua. O enfrentamento entre ovelha e pastor distorce o evangelho.

Querido irmão, algo te constrange ou escandaliza dentro da Igreja ? Procure seu pároco (e seu diretor espiritual)! Em alguns casos será preciso procurar seu bispo! Em casos mais graves é lícito procurar a Nunciatura Apostólica! E todo católico pode, inclusive, escrever ao Papa. “Onde houver erro, que eu leve a verdade!”. Mas o bom católico não usa a internet (redes sociais), petições online, manifestações públicas ou até abaixo-assinado para tratar questões deste calibre. Xingamentos, ofensas com ironia e arrogância não pertencem ao batizado fiel à sua fé.  A verdade sem caridade é pior que a mentira. O Espírito Santo une e congrega. O Espírito maligno divide e destrói. “De que espírito sois animados?”(cf. Lc 9,55). O bom de toda crise é que se pode realmente conhecer, quem é quem!