O Papa dedicou um longo tempo da Audiência Geral desta quarta-feira ao Líbano, convocando um dia de jejum e oração para a próxima sexta-feira e enviando o cardeal Pietro Parolin ao País dos Cedros naquele dia.

A “querida população do Líbano” voltou a merecer a atenção do Papa, desta vez ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, 2, a primeira realizada na presença de público desde março.

Francisco dedicou quase que uma “segunda catequese” à situação vivida pelo País dos Cedros. A profunda crise sócio-política-econômica foi agravada pela catastrófica explosão no porto de Beirute no início de agosto. E recordando as palavras pronunciadas por São João Paulo II há 30 anos, afirmou:

Diante das repetidas tragédias que cada um dos habitantes desta terra conhece, tomemos consciência do extremo perigo que ameaça a própria existência do país. O Líbano não pode ser abandonado em sua solidão.

O Líbano é uma mensagem de liberdade

O Pontífice observou que “por mais de cem anos, o Líbano foi um país de esperança”, e que os libaneses “conservaram sua fé em Deus e demonstraram a capacidade de fazer de sua terra um lugar de tolerância, de respeito, de convivência, único na região”:

Ao povo libanês, o Santo Padre encoraja a perseverar na esperança e a encontrar energia para recomeçar. Aos políticos e aos líderes religiosos, pede para olharem para o bem comum e de se esforçarem com sinceridade e transparência na obra de reconstrução.

Fé e oração

Um apelo também é dirigido à comunidade internacional, para que ajude o país a sair desta grave crise. Já aos habitantes de Beirute, exorta a recobrarem a coragem:

Que a fé e a oração sejam a vossa força. Não abandonem suas casas e sua herança, não deixem cair o sonho daqueles que acreditaram no futuro de um país belo e próspero.

Dar o exemplo e viver a pobreza, ao lado da população

Então, um chamado aos sacerdotes, religiosos e religiosas da Igreja local, para que estejam próximos de seu povo, sendo os primeiros a dar exemplo de pobreza e humildade, “agentes de concórdia” e de “uma verdadeira cultura do encontro”. “Nada de luxo, vivam na pobreza com vosso povo. Sejam exemplo!”, pediu aos sacerdotes. “Somente olhando para o interesse comum, continua o Papa, será possível “assegurar a continuidade da presença cristã e a sua inestimável contribuição ao país, ao mundo árabe e a toda a região, num espírito de fraternidade entre todas as tradições religiosas que existem no Líbano”.

O anúncio do dia de oração

Então, a convocação de um dia de oração pelo País dos Cedros, iniciativa muito aplaudida pelos presentes:

Gostaria de convidar a todos a viver um dia universal de oração e jejum pelo Líbano, na próxima sexta-feira, 4 de setembro. Tenho a intenção de enviar o meu representante ao Líbano naquele dia para acompanhar a população. Nesse dia, o secretário de Estado irá em meu nome. E ele irá, para expressar minha proximidade e solidariedade. Ofereçamos nossas orações por todo o Líbano e por Beirute. Estamos próximos também com o compromisso concreto da caridade, como em outras ocasiões semelhantes. Convido também os irmãos e irmãs de outras confissões e tradições religiosas a se unirem a esta iniciativa nas modalidades que considerarem mais adequada, mas todos juntos.

O agradecimento do sacerdote libanês

“Obrigado, Santidade. Precisamos muito do seu apoio e do apoio da Igreja universal para dizer: “Não podemos continuar a viver assim no Líbano”. Até agora, mais de trezentos mil cristãos apresentaram seus documentos para a emigração. Precisamos de sua oração, de seu apoio e de seu amor fraternal. E o esperamos para abençoar nossa amada terra. Obrigado Santidade. Muito obrigado.”

Ao final, o pedido de intercessão à Virgem Maria e o convite a todos para se levantarem para um momento de oração silenciosa pelo Líbano.

E então, em um momento muito tocante, as palavras de agradecimento do sacerdote libanês, padre Georges Braydi, que segurando uma bandeira do Líbano esteve ao lado do Papa Francisco durante os apelos pelo seu país.

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