As festas de fim de ano são marcadas por vários sentimentos. As cores e os perfumes de Natal e Ano Novo são inspiradores. Há gente que se sente inspirado a rezar mais, amar mais e esperar mais. Há também quem se sinta inspirado à dor, por lembranças de lutos e perdas ocorridos nos dezembros passados.
Tudo toma outro sentido quando não nos esquecemos da essência do Natal.
É tempo de voltar a confiar!
Estamos recordando o mistério de um Deus que tinha tudo para não confiar na humanidade. E, no entanto, confiou-nos o seu maior tesouro: seu próprio filho! Estamos recordando a alegria de uma jovem do oriente médio – Maria, que confiou nas palavras que ouviu de um anjo e se colocou a disposição de Deus. Estamos festejando a firmeza de um homem viril e justo – José, que confiou no que ouviu de Deus, em sonho, e acompanhou sua esposa, grávida por obra sobrenatural, protegendo-a da morte.
Recordamos a história de uma família normal que passou por uma situação anormal. Um casal que podia se separar e resolveu se unir ainda mais. Um homem e uma mulher que foram visitados por uma certeza divina. Cônjuges que superaram a desconfiança para se apoiar numa certeza maior. O fruto dessa aventura – insana, para tantos – foi o nascimento de um menino normal que tinha origem e destino sobrenaturais. Verdadeiro homem, e verdadeiro Deus! Homem que sofreu todas as dores e morreu a pior morte. Deus que amou apesar da dor e matou a morte que o humilhara.
Recordamos o começo de uma história. Os sinos tocam. As estrelas brilham. Não é conto de fadas. É a narrativa amorosa de um Deus que decidiu colocar esperança na humanidade.
É tempo de esperança!
A esperança é a arte de enxergar para além da própria cegueira. Dizia Georges Bernanos: A esperança adquire-se. Chega-se à esperança através da verdade, pagando o preço de repetidos esforços e de uma longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora.
Seria maravilhoso se pudéssemos nadar contra a corrente dos dias atuais. Se pudéssemos testemunhar que somos dignos de confiança e assim espalhar na humanidade – pelo nosso exemplo – um perfume de amizade e ajuda. Somos tentados a desconfiar de tudo e de todos, isso acaba escurecendo nossa visão, enfraquecendo nosso amor próprio e estimulando o isolamento.
É preciso lutar para confiar. É preciso lutar para esperar! Em muitas situações é preciso passar por situações extremas para se ter noção da nossa própria capacidade de esperar. Todavia, infelizes seríamos se nossa esperança se apoiasse apenas na nossa força. A esperança verdadeira é cheia de verdade. A Verdade liberta, disse-nos Jesus! Mais do que nunca, nossa humanidade precisa ser ‘visitada’ pela Verdade, para que nossas esperanças sejam, enfim, realizáveis.
Se Deus ousou esperar em nós. Quem somos para viver desesperados? Não contemple o Natal a partir das tragédias pessoais e mundiais. Contemple-o a partir do presépio. Na simplicidade daquele lugar, aprendemos a esperar contra toda esperança!
Seu irmão.