O Papa Francisco presidiu nesta quinta-feira, 25, durante a festa da Conversão de São Paulo, a celebração das Segundas Vésperas, que conclui a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos  (realizada 18 a 25 de janeiro).

“Fazer para possuir, fazer para ter: estamos perante uma religiosidade deturpada, assente na posse e não no dom, onde Deus é o meio para obter aquilo que quero, e não o fim que devo amar com todo o coração”, assim o Sucessor de Pedro iniciou a homilia. “E dividir nunca vem de Deus, mas do diabo. Jesus, porém, não replica com
uma teoria, mas com a parábola do bom samaritano, com uma história concreta, que nos interpela também a nó”, recordou.

Analisando o contexto desta parábola, o Pontífice concluiu que o Samaritano dá sentido à palavra “próximo”. Na verdade, o próximo se faz próximo, como definiu o Santo Padre. “Sente compaixão, aproxima se e inclina se com ternura sobre as feridas daquele irmão; cuida dele, independentemente do seu passado e das suas culpas, e serve o com o melhor de si mesmo”, ponderou

Eu me faço próximo?

Dando continuidade à celebração, Francisco sublinhou a necessidade de nos fazermos presentes na vida do próximo. “Não devo perguntar ‘quem é meu próximo’, mas sim ‘eu me faço próximo’? Ou ficamos entrincheirados na defesa dos próprios interesses, ciosos da própria autonomia, fechados no cálculo das próprias vantagens, estabelecendo relações com os outros apenas para daí ganhar qualquer coisa? Se assim fosse, não se trataria apenas de erros estratégicos, mas de infidelidade ao Evangelho”, advertiu.

A conversão de Paulo — tema desta celebração — não foi esquecida pelo Papa. E salientou: “Não há verdadeiro ecumenismo sem conversão”. “Precisamos desta conversão de perspetiva e sobretudo de coração, pois, como afirmou o Concílio Vaticano II há sessenta anos, ‘não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior’”, afirmou.

Ecumenismo

A união cristã sem distinção foi também tema desta homilia de Francisco. “Esta é a estrada: caminhar juntos e servir juntos, colocando a oração em primeiro lugar. De facto, quando os cristãos maturam no serviço de Deus e do próximo, crescem também na compreensão mútua, como afirma o mesmo Concílio”, obervou.

“Juntos, como irmãos e irmãs em Cristo, rezemos com Paulo dizendo: ‘Que hei de fazer, Senhor?’. E, no próprio ato de colocar a pergunta, já existe uma resposta, porque a primeira resposta é a oração. Rezar pela unidade é o primeiro dever do nosso caminho. E é um dever santo, porque é estar em comunhão com o Senhor, que antes de mais nada rezou ao Pai pela unidade”, disse o Pontífice.

Ucrânia, Terra Santa e as demais regiões em todo mundo que padecem diante das guerras e ameaças bélicas perpetradas contra outras nações do mundo foram recordadas por Francisco. “Penso sentidamente no amado povo do Burkina Faso, em particular nas comunidades que lá prepararam o material para esta Semana de Oração pela Unidade: oxalá o amor ao próximo tome o lugar da violência que aflige o seu país”, finalizou.

Fonte: Canção Nova