Crescer nos revezes do dia

Crescer-nos-revezes-da-vidaHá um tempo para cada coisa (Eclesiastes 3,1). Assim como no final do dia, ao acinzentar-se o céu e esconder-se o sol, a noite nasce já na expectativa de morrer ao raiar da alvorada! Assim acontece com nossa vida. Assim acontece a cada ano.

Em breve teremos de guardar (ou queimar) o calendário de 2011 e inaugurar o do Ano novo. É preciso, sim, fazer o balanço da vida, mas é igualmente importante perguntar-se: O que serão das lembranças boas? Que fruto posso saborear das lembranças ruins?

Para muitos, o tempo que passou inspira desgosto e lágrima, luto e choro, merece esquecimento. Estes são os que não conseguem aprender com os revezes da vida. Mesmo nas horas mais duras, podemos lucrar riquezas singulares! Somos os únicos seres no mundo com a capacidade de nos adaptar às situações, crescendo interiormente com elas. Cada adaptação pode ser positiva desde que tenhamos conseguido enxergar a flor apesar dos espinhos, o valor do silêncio apesar da dor da ausência. A adaptação se torna nociva e doentia se, covardemente, impedirmos nosso coração de suportar a ‘dor do crescimento’.

Faz parte do processo da vida as experiências de alegria, festa, comunhão, sorriso e paz. Mas não podemos negar que a vida também traz luto, dor, sofrimento e angústias. Em tudo podemos aprender! Quem tem um ‘porque’ suporta qualquer ‘como’! (Viktor Frankl). Saber viver inclui aprender a encontrar um sentido em cada coisa que nos acontece. Não podemos –apenas – ‘sobreviver’! Nascemos para ter vida, e vida em abundância. Isso é promessa Divina (Jo 10,10)!

No luto, podemos aprender o valor da esperança e a fé na vida Eterna. Nossa vida não se extingue num caixão a ‘sete palmos’ da superfície da terra!

Na dor, aprendemos que somos capazes de oferecer o sofrimento, suportar a privação, desde que as pessoas que amamos possam experimentar algum alívio! Era assim que a mãe de família fazia, quando deixava de comer um bife a mais, só pra ver o rosto feliz, barriga cheia e boca lambuzada do filho caçula à mesa.

Na solidão aprendemos a valorizar o amigo que chega, o contato com aquele que está distante; descobrimos que podemos ‘cuidar de quem amamos’, para manifestar que cuidamos de nós mesmos!

Perdão, segunda chance, boa acolhida…tudo pode ser melhor vivido depois que se entendeu o que significa estar só!

E você? O que aprendeu em 2011? Você é capaz de dizer que os revezes da vida lhe trouxeram crescimento?

O ano novo será melhor se, antes do réveillon, você for capaz de fazer as pazes com os revezes deste ano e encher-se de esperanças para os do ano que virá! Como disse Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena se alma não for pequena!”

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