Refugiados | Foto de Julie Ricard na Unsplash

Religiosa conta que situação é dramática; cerca de 700 pessoas estão refugiadas na única paróquia católica na Faixa de Gaza, e estão sem água e luz

Por meio de um telefonema, a religiosa da Congregação do Santo Rosário de Jerusalém, Irmã Nabila Saleh, descreveu à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) a situação dramática na Faixa de Gaza.

A religiosa contou que cerca de 700 pessoas se refugiaram na única igreja católica na região, a Paróquia da Sagrada Família, no norte da Faixa de Gaza, onde não há eletricidade nem água corrente, e lançou um apelo veemente à paz e à ajuda humanitária.

“Só queremos paz, paz. Já tivemos seis guerras em Gaza. As crianças só conhecem a guerra”, diz, como num lamento, a Irmã Nabila. Ela explicou que está cada vez mais difícil a vida de todos os que se acolheram na paróquia.

A religiosa mostra-se particularmente preocupada com cerca de uma centena de crianças traumatizadas que fazem parte dos que se refugiaram na paróquia, e com cerca de 50 pessoas com deficiência e alguns feridos que estão recebendo tratamento médico.

Sem água corrente, as irmãs recorrem a um poço, mas temem que este possa secar a qualquer momento. A água engarrafada custa o triplo do preço normal. Os recursos disponíveis neste momento são muito limitados e as religiosas procuram fazer tudo o que está ao seu alcance para garantir que cada pessoa possa receber o que necessita de mais urgente. No total, estão ali sete religiosas e um sacerdote católico.

“Queremos apenas a paz…”

Apesar destas circunstâncias terríveis, a Irmã Nabila permanece resiliente, acreditando que “manter-se ocupada e ajudar os outros é a melhor maneira de lidar com a devastação”.

A Santa Missa é celebrada duas vezes por dia e as pessoas rezam constantemente o terço, procurando a paz por intercessão da Virgem Maria e de Deus. Ao fim de quase duas semanas vivendo no complexo paroquial, a Irmã Nabila só tem um pedido a fazer: “Paz, paz, queremos apenas paz. Há tanto mal, tanto sofrimento. É terrível. Neste momento, só temos Deus”, disse.

Com o passar do tempo, a situação das populações civis agrava-se acentuadamente. Poucos dias depois de a violência ter irrompido na região, após os sangrentos ataques do Hamas em Israel, em 7 de Outubro, a Irmã Nabila, parceira local dos projetos da Fundação ACN, já descrevia um ambiente muito difícil, com enormes urgências em nível humanitário, mas assegurando que iria ficar ali junto do povo cristão, que não iria abandonar ninguém.

“Precisamos de medicamentos. Muitos hospitais foram destruídos. A nossa escola também foi danificada, mas não nos vamos embora. As pessoas não têm nada, nem sequer os bens essenciais, para onde é que iríamos? Para morrer na rua? Há aqui pessoas idosas, as Missionárias da Caridade também estão conosco, com um grupo de deficientes e idosos. Para onde é que eles podem ir? Nós ficamos com eles. Rezem por nós, para que esta loucura termine”, diz a religiosa.

O telefonema do Papa

No domingo, 15, a Irmã recebeu uma chamada telefônica do próprio Papa Francisco. Preocupado com a situação humanitária na região, o Santo Padre fez várias perguntas para a Irmã Nabila Saleh. “O Santo Padre queria saber quantas pessoas estão alojadas nas estruturas paroquiais”, explicou a religiosa.

Naqueles dias, eram cerca de 500, “entre doentes, famílias, crianças, pessoas com deficiência, pessoas que perderam suas casas e todos os seus pertences”. Agora, já são aproximadamente 700 pessoas.

O telefonema do Papa foi “uma grande bênção”, afirmou a religiosa. “Ele nos deu coragem e apoio na oração. Pedimos-lhe que fizesse um apelo pela paz e dissemo-lhe também que oferecemos os nossos sofrimentos pelo fim da guerra, pela paz, pelas necessidades da Igreja e também pelos trabalhos do Sínodo em andamento. Os nossos paroquianos ficaram muito felizes, sabem que o Papa trabalha pela paz e pelo bem da comunidade cristã em Gaza”.

Fonte: Canção Nova