Foto: gunther simmer macher – PIXABAY

    Em discurso na congregação do Sínodo sobre a Sinodalidade, Francisco refletiu sobre a Igreja enquanto povo de Deus e suas características

    “Gosto de pensar na Igreja como o povo fiel de Deus, santo e pecador, um povo chamado e convocado com a força das bem-aventuranças”. Na tarde marcada pela publicação da Carta ao Povo de Deus nesta quarta-feira, 25, o Papa Francisco refletiu sobre alguns aspectos da Igreja enquanto povo de Deus antes de serem feitos os discursos com as “impressões gerais” sobre o Relatório Síntese que será publicado no sábado, 28.

    O Pontífice destacou que Jesus, ao fundar a Igreja, não adotou nenhuma estrutura política já existente na época, mas adotou a tradição de Israel: “vocês serão o meu povo e eu serei o seu Deus”. Um povo humilde, que caminha na presença do Senhor, e apesar de santo e pecador, se mantém fiel.

    Entre as características dessa gente, o Santo Padre citou a “infalibilidade na fé”, citada na Constituição Dogmática Lumen gentium. Segundo ele, esse povo tem uma alma, e por isso, um modo de ver a realidade, uma visão própria, uma “consciência de dignidade”. “Quando você quiser saber o que a Santa Mãe Igreja quer dizer, leia o Magistério, mas se quiser pensar como crê a Igreja, dirija-se ao povo”, indicou.

    O flagelo do clericalismo

    Neste contexto, Francisco voltou a pontuar a presença da mulher na Igreja e seu papel na transmissão da fé em seu “dialeto feminino”, especialmente as mães e as avós. “A mulher é um reflexo da Igreja, a Igreja é feminina, é uma esposa e mãe”, expressou, e diante deste rosto da Igreja, denunciou como alguns ministros “excedem em seu serviço e maltratam o povo de Deus, desfiguram” este rosto.

    “Ou a Igreja é o povo fiel de Deus em caminho, santo e pecador, ou acaba sendo uma empresa de vários serviços, e quando os agentes pastorais tomam esse segundo caminho, a Igreja se torna o supermercado da salvação e os sacerdotes simples funcionários de uma multinacional”, alertou o Papa, apontando para “o grande fracasso” ao qual o “clericalismo” leva.

    “O clericalismo é um chicote, é um flagelo, uma forma de mundanismo que suja e danifica a face da esposa do Senhor, escraviza o santo povo fiel de Deus”, manifestou.

    O Pontífice concluiu que o povo de Deus continua a avançar, com paciência e humildade, para suportar este mundanismo que o maltrata.

    Fonte: Canção Nova